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Vitória Mesquita: “Down não é doença, é condição genética” 1j3a65

Depois de campanha feita pela influencer digital, o Google mudou a definição da síndrome 193j24

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h42 - Publicado em 26 set 2021, 08h00
VITÓRIA MESQUITA -
VITÓRIA MESQUITA – (Luiza Mesquita/.)

Meu nome é Vitória. Nasci em Brasília, tenho 22 anos. Sou influencer digital e tenho deficiência. Mas não sou portadora da síndrome de Down porque Down não é doença e sim uma condição genética. A gente tem três cromossomos 21 nas células em vez de dois. É por essa razão que se chama trissomia do cromossomo 21. O fato de ser Down me dá a chance de lutar contra o preconceito, o bullying e a tendência das pessoas de subestimarem as capacidades de quem tem deficiência. Isso não tem de acontecer. Os Downs fazem de tudo!

Foi por isso que resolvi promover uma campanha on-­line para mudar o que estava descrito no Google sobre a síndrome. Eu e minhas irmãs, Luiza e Catarina, estávamos conversando e começamos a procurar na internet sobre pessoas com Down. Vimos que o Google estava errado: a síndrome aparecia como uma doença. Só que eu não estou doente, não sou doente. Meu namorado, o Gabriel Lima, também não. Achei aquilo muito ruim. O Google é o maior site de busca do mundo e não dava para deixar que aquela definição continuasse lá. Pense, por exemplo, e se uma mãe fizesse uma pesquisa sobre seu filho Down e aparecesse que ele é doente? E todo mundo lendo e pensando que ele não tem muitas habilidades? Não pode simplesmente porque está errado. Não é verdade.

Em abril, comecei a campanha #atualizaGoogle na minha conta do Instagram que tinha aberto em janeiro. Naquela época, estava muito ansiosa porque suspendi tudo o que eu fazia quando começou a pandemia. E era muita coisa, viu? Faço capoeira, balé, street dance, já pratiquei karatê, natação, teatro, muay thai. Também gosto de fotografar crianças e animais como peixes e as minhas cachorras Frida e Greta. E leio muito! Na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, que eu frequento, cuido dos livros da biblioteca. Adoro Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis e Paulo Coelho. Ficar sem essas atividades mexeu comigo.

Mas começar a postar em um blog e depois no Instagram fez muito bem para mim. Falo da minha rotina, das atividades diárias, ajudo a quebrar mitos em relação aos Downs. E foi um jeito também de eu exercer minha criatividade, de me manter ocupada. Fiz tudo com o incentivo e a ajuda das minhas irmãs. Para a campanha, gravei um vídeo, em maio, falando do que eu tinha visto no Google e como aquilo podia contribuir para o entendimento errado da síndrome. Pedi para as pessoas compartilharem e me marcarem. Como já tinha o perfil, era querida pelos seguidores e recebia muitas mensagens, deu certo. Foram os próprios seguidores que me avisaram que o Google tinha atualizado a definição em 12 de setembro (a empresa mudou o resultado da pesquisa para o termo “Síndrome de Down” de “doença” para “condição genética”, como Vitória pediu). Fiquei muito feliz com isso! O vídeo ficou famoso, apareceu em palestras, ganhei muito mais seguidores (hoje, são 18 600), tenho até fãs. O mais bacana é que essa campanha e a vitória que conseguimos foram fundamentais na luta contra o preconceito. Estou tão animada que quero fazer outras coisas como essa para continuar nessa luta. Fazer mais e melhor porque eu tenho força. Sei que posso influenciar as pessoas e fazer com que entendam que não somos doentes, somos diferentes. Como todo mundo, também tenho muitos sonhos. Adoro moda, por exemplo. Quero ser modelo e participar de desfiles de moda inclusiva para inspirar muito mais gente. Agora, é seguir em frente. Ainda tenho muita coisa para falar, fazer, ajudar, inspirar. Essa é a minha vida e ela é muito importante, assim como a vida de todas as pessoas, com ou sem Down.

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Vitória Mesquita em depoimento dado a Simone Blanes

Publicado em VEJA de 29 de setembro de 2021, edição nº 2757

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