O que dizem os estudos mais recentes sobre o impacto do café na longevidade 422g4r
Efeitos positivos, em especial sob as mulheres, ganham evidência nas pesquisas científicas 6i3r13

Que o café é um queridinho da dieta brasileira, não há dúvidas. Mas qual a relação entre o consumo da bebida e a saúde? Por muito tempo, os resultados foram dúbios, mas o que as pesquisas mais recentes apontam é bastante animador.
A mais nova delas foi divulgada na reunião anual da Sociedade Americana para Nutrição, em Orlando, no início de junho. O que os resultados revelam é que o consumo moderado de café na meia idade está associado a um envelhecimento mais saudável – pelo menos entre as mulheres.
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“Nosso estudo é o primeiro a avaliar o impacto do café em múltiplos domínios do envelhecimento ao longo de três décadas”, disse a Sara Mahdavi, que é pesquisadora na Universidade de Harvard, professora da Universidade de Toronto e líder do estudo, em comunicado. “Os resultados sugerem que o café com cafeína — não o chá ou o descafeinado — pode ter um efeito único na trajetória do envelhecimento, preservando tanto a função mental quanto a física.”
O estudo ainda não foi publicado em uma revista revisada por pares, então não ou pela validação de outros cientistas.
Café faz bem para a saúde? 1y5s4i
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados de um amplo estudo sobre a saúde de enfermeiras, nos Estados Unidos. No total foram mais de 47 mil participantes de 45 a 60 anos de idade acompanhadas por mais de três décadas.
De todas elas, cerca de 3,7 mil atingiram uma velhice saudável, o que significa que aram dos 70 anos em boa condição física e mental, sem declínio cognitivo ou doenças crônicas – a média de cafeína consumida por elas foi de 315 miligramas por dia, o equivalente a 3 xícaras pequenas de café.
Os cientistas não informaram qual a quantidade consumida por mulheres que não atingiram os critérios de velhice saudável, mas eles afirmam que cada xícara a mais consumida por dia durante a meia idade aumentou em até 5% a probabilidade de ar das sete décadas de vida em bom estado de saúde.
“Esses resultados, embora preliminares, sugerem que pequenos hábitos consistentes podem moldar a saúde a longo prazo”, disse Mahdavi. “O consumo moderado de café pode oferecer alguns benefícios protetores quando combinado com outros comportamentos saudáveis, como exercícios regulares, uma dieta equilibrada e evitar o cigarro.”
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É importante ressaltar que a associação positiva foi observada apenas com o café tradicional – o consumo da bebida descafeinada ou de chás que contêm cafeína não apresentaram correlação semelhante. Já os refrigerantes que contêm cafeína, como as bebidas de cola, foram negativamente relacionados com um envelhecimento saudável.
Ainda é importante dizer que o estudo é apenas associativo, então ainda não é possível afirmar com certeza se os benefícios são mesmo advindos do café ou de outros hábitos associados a esse consumo. Contudo, ao fazer as análises, os pesquisadores descontaram os efeitos de outros fatores que influenciam a saúde. Em resumo, isso quer dizer que peso corporal, tabagismo, consumo de álcool, atividade física, nível de escolaridade e ingestão de proteínas na dieta não interferiram no resultado observado.
O café é bom para todos? 6uz2a
Outros estudos já haviam se debruçado sobre os efeitos do café na saúde. Uma pesquisa publicada em janeiro deste ano, por exemplo, no Jornal Europeu do Coração, revela que consumir a bebida pela manhã está mais associado a menor mortalidade do que tomar ao longo do dia.
Já um trabalho publicado em 2018, no Jornal Europeu de Epidemiologia, mostra que o consumo de café está mesmo associado a um menor risco de morte entre as mulheres. Entre os homens, no entanto, a bebida está relacionada uma menor mortalidade por doenças respiratórias, mas a mais fatalidades por câncer e doença cardiovascular.
De fato, o café não é para todos. Especialistas apontam que o consumo moderado é positivo, mas o excesso pode fazer mal, em especial para quem tem problemas cardiovasculares ou distúrbios do sono. Pesquisas iniciais também apontam que ele pode não ser tão bom para pessoas com algumas alterações genéticas. Mudanças hormonais, durante a menopausa ou sob o uso de anticoncepcionais, também podem influenciar nos efeitos da substância.
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De maneira geral, a boa notícia é que essa bebida que é tão amada pelos brasileiros não precisa ser abandonada em nome da longevidade, mas é bom tomar cuidado – em especial evitar exageros e consultar um bom profissional sempre que alguma dúvida ou problema de saúde surgir.