Juiz manda soltar Seripieri, preso em investigação sobre caixa 2 a Serra 3w7343
Empresário, fundador da Qualicorp, havia sido detido temporariamente na Operação Paralelo 23, da Operação Lava Jato eleitoral em São Paulo 3g6r4k

O juiz Marco Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, determinou nesta sexta-feira, 24, a soltura do empresário José Seripieri Júnior, fundador da corretora de planos de saúde Qualicorp, preso temporariamente na Operação Paralelo 23, na terça-feira, 21. Seripieri é suspeito de determinar supostos pagamentos no total 5 milhões de reais em caixa dois ao senador José Serra (PSDB-SP) na eleição de 2014, quando o tucano foi eleito para o cargo. O prazo da prisão temporária, de 5 dias, terminaria no próximo domingo.
Depois de sua prisão, Júnior, como Seripieri é conhecido, foi levado à carceragem da Polícia Federal em São Paulo. Ele prestou depoimento aos investigadores do braço eleitoral da Operação Lava Jato paulista.
As apurações do suposto caixa dois a Serra em 2014 foram baseadas na delação premiada de Elon Gomes de Almeida, fundador da Aliança a de Benefícios, que tem a Qualicorp como sócia. Almeida, que já havia sido alvo da Operação Acrônimo, deflagrada em 2015, explicou que os 5 milhões de reais não declarados ao TSE chegaram à campanha do tucano em três parcelas, readas por empresas ligadas a Serra: 3 milhões de reais por meio da LRC Eventos e Promoções Ltda; 1 milhão de reais por meio da OV3G Empresa de Participação em Negócios Ltda; e 1 milhão de reais por meio da Ultra Print Impressoras.
“As doações não contabilizadas teriam sido realizadas em atendimento à demanda de José Seripieri Filho, controlador da empresa Qualicorp S.A., tendo como objetivo fortalecer os vínculos existentes entre o empresário e o delator, gerando uma incrementação financeira dos empreendimentos imobiliários mantidos entre Elon Gomes de Almeida e José Seripieri Filho”, afirmou o juiz na decisão que determinou as prisões.
Os pagamentos que totalizaram 2 milhões de reais à OV3G, do publicitário Mino Mazzamati, e à gráfica Ultra Print, de Arthur Azevedo Filho, ambos apontados como “interlocutores” de Serra e presos temporariamente nesta terça, foram feitos em setembro de 2014, por meio de contratos simulados de prestação de serviços – no caso da OV3G, o documento tratava de licença e uso de software. O montante foi depositado às duas empresas pela Gape a de Seguros Ltda, que era utilizada por um intermediário de Elon Almeida, Arthur Yuwao Uenoyama.
No caso da LRC, os investigadores apontam uma “complexa engenharia societária e financeira”, que envolvia uma sociedade entre a empresa e a IGS Consultoria Ltda, cujos sócios eram Uenoyama e Denilson Santos Freitas, outro intermediário do delator. Elon Almeida relatou ter feito uma transferência bancária de 12 milhões de reais à IGS Consultoria em setembro de 2014, para que a empresa transferisse 3 milhões de reais à sociedade com a LRC, à qual caberia destinar o dinheiro à campanha de Serra. Segundo a delação, a IGS emitiu uma nota fiscal fria a título de “intermediação” e em seguida o valor foi mandado à “sócia”.
Os integrantes da força-tarefa do braço eleitoral da Operação Lava-Jato em São Paulo lembraram ainda que a LRC já havia sido citada na delação premiada do empresário Joesley Batista, dono da JBS, como intermediária de recursos ilícitos à campanha presidencial do tucano em 2010. Segundo Joesley, a JBS pagou à LRC 6 milhões de reais por um camarote no Grande Prêmio de Fórmula 1 de São Paulo, valores que seriam destinados ao tucano.
Em seu depoimento, Joesley disse que, dos 20 milhões de reais doados a José Serra em 2010, 6 milhões de reais foram reados por meio da LRC. “Eles deram nota de patrocínio de um camarote de Fórmula 1, como se tivéssemos comprado um camarote. Realmente teve esse camarote e realmente teve a corrida, só não podia custar 6 milhões”, relatou.
Nesta quinta-feira, 23, a defesa de José Serra pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que as investigações sobre o suposto caixa dois em 2014 sejam interrompidas e enviadas à Corte. Os defensores do senador sustentam que as apurações recaem sobre fatos relacionados ao atual mandato parlamentar dele, que tem direito a foro privilegiado no Supremo.