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“Somos uma máquina”, diz Antonio Rueda, líder da União Progressista 4qn2e

Ele garante que a corrente terá candidatura à Presidência em 2026 e afirma estar cada vez mais distante de Lula, apesar de ainda compor a base do governo 345935

Por Ludmilla de Lima Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Ricardo Ferraz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 Maio 2025, 15h26 - Publicado em 23 Maio 2025, 06h00

Foi um susto. Depois de dois anos articulando federação que juntou União Brasil e Progressistas, no grupo intitulado União Progressista, o advogado pernambucano Antonio Rueda, 49 anos, recém-operado, sentiu fortes dores, causadas por um cálculo renal, bem no dia do lançamento do grupo que promete ser uma decisiva máquina eleitoral. Mesmo assim, compareceu ao evento para celebrar o acordo que congrega a maior bancada do Congresso (109 deputados federais e 14 senadores) e permite o a um fundo de 1 bilhão de reais. “Ali, foi só adrenalina, mas depois veio o rebote”, diz o presidente do União, que aria por outra cirurgia. Recuperado, se empenha em viabilizar uma candidatura de centro-direita em 2026. Na entrevista a seguir, Rueda explica por que espera contar com o apoio de Jair Bolsonaro (PL) e os motivos do distanciamento de Lula, apesar de os dois partidos integrarem o governo.

Juntos, União Brasil e PP têm quatro ministérios, mas a federação União Progressista tem discurso de oposição e até um candidato de oposição, o governador Ronaldo Caiado, de Goiás. Afinal, qual é o posicionamento em relação ao governo? Nosso propósito é reaquecer a economia. Nesse sentido, em tudo que o governo precisar, vai contar conosco. Mas temos divergências que fizemos questão de pontuar. Nossa pauta econômica é muito distinta da implementada pelo governo. Ao mesmo tempo, não tem sentido dizer que somos da oposição. Só o que vamos colher com isso é dólar caro e indícios de crise econômica.

Quais são as divergências com as ideias da gestão de Lula? Atravessamos um processo equivocado de transferência de renda nos últimos vinte anos. Um cidadão doente que precisou de auxílio emergencial — um dos grandes feitos dos dois governos de Lula — está até hoje dentro do hospital. Estamos construindo mais hospitais porque as pessoas não conseguem gerar renda própria. É preciso repensar o Brasil.

Qual é o sentido de a federação fazer parte da base aliada, se não cede às pautas do governo? Nossos deputados entenderam que, por bem, deveríamos integrar a base para tentar ajudar o país. E assim foi feito. Mas não é porque apoiamos pautas que entendemos ser necessárias que fazemos parte do governo. Queremos que o Brasil dê certo.

“O capital de Jair Bolsonaro na direita é muito grande, mas alguém da política tem que conversar com ele. Não acredito que saia candidato. As coisas são como são”

Recentemente, o deputado Pedro Lucas (União Brasil-MA) recusou a vaga no Ministério das Comunicações. É um sinal de que a federação está de saída do governo? Pedro Lucas é um dos melhores quadros na Câmara e foi corajoso ao entender os anseios da bancada, que, dois meses antes, o havia legitimado na liderança. Imagina o que é, ele sendo do Maranhão, onde a esquerda é muito forte, preterir esse ministério para atender aos colegas. A decisão foi muito difícil, e tenho certeza que foi acertada, porque ele conseguiu uma sinergia que nunca existiu.

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Na medida em que o Orçamento ou a ser dividido com o Legislativo, comandar um ministério deixou de ser vantajoso? É fato que o Executivo tem ficado com alcance político reduzido. Hoje, pagamos quase 15% de juros, e a margem discricionária para investimentos gira em torno de 3%. O Ministério do Turismo tem um orçamento livre de 30 milhões de reais, que julgo ser muito pouco para um país continental como o nosso. O desinteresse é grande, mas também ocorre porque vivemos uma letargia na economia.

Até quando será possível manter um discurso de oposição, estando ao mesmo tempo no governo? Com exceção de PT e PSOL, não há nenhuma legenda que esteja 100% fechada com o governo. É só acompanhar as votações para constatar a falta de unanimidade.

A eleição do ano que vem naturalmente vai obrigá-los a tomar uma decisão sobre a permanência. Qual será o caminho? O processo eleitoral já está bem desenhado e deflagrado. Tem a esquerda, com Lula; o Bolsonaro, que é uma figura importantíssima da direita; e um monte de players no meio do caminho. Além de Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), temos Ratinho Junior (PSD-PR) e Romeu Zema (Novo-­MG). Mas não dá, ainda, para cravar o que vai acontecer.

Quando vocês tomam a decisão de ficar ou sair? A partir de janeiro vamos discutir as eleições de 2026.

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Por que o senhor não foi ao lançamento da pré-candidatura de Ronaldo Caiado, governador de Goiás, que é do seu partido? Temos excelentes quadros no União Brasil. Caiado é um dos melhores. Mas o partido tem diversas tendências. Não cabe ao presidente apoiar a pré-candidatura de apenas uma delas. Se fizesse isso, iria desagradar e desagregar. De forma muito madura, disse para Caiado que ele deveria se lançar porque tem legitimidade. Se conquistar o tamanho e a competitividade exigidos no processo eleitoral, ele pode ser o nosso candidato. Mas não posso adivinhar o que vai acontecer nos próximos meses.

Considerando esse contexto, podemos concluir que a federação estará na oposição a Lula em 2026, correto? Uma federação desse tamanho tem que estar na chapa majoritária. Mas não vou ferrar uma trincheira dizendo que sou oposição ao Lula, não é essa minha intenção. Tenho muita responsabilidade.

Existe alguma chance de a União Progressista apoiar Lula em 2026? Essa chance é cada vez mais remota. Não gosto, porém, de assegurar que vai, nem que não vai. A federação é um organismo vivo. Temos o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que está muito próximo de Lula, e o Ciro Nogueira, que é copresidente da nossa federação e que é muito próximo de Bolsonaro. Criamos um instrumento de governança que vai atender aos anseios da maioria.

Isso não faz jus à piada de adversários que apelidaram a federação de “desunião progressista”? Pelo contrário, nunca esteve tão unida. Eu cuidei para atenuar as divergências e criar uma unidade para darmos um o maior. Estou seguro de que a federação está consolidada. Para minha surpresa, com muito menos problemas do que imaginava. Temos quadros que nos permitem lançar dezessete candidatos a governador e dezoito ao Senado, em todo o país. Uma máquina política desse tamanho vai ser decisiva em 2026. Para onde quer que vá.

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O senhor defende candidatura própria para presidente? Pessoalmente é minha vontade e vou trabalhar para isso. Ninguém monta uma federação dessas para somente emprestar apoio para A ou B. Por enquanto, o que posso garantir é que estaremos na chapa majoritária presidencial em 2026, seja com o cargo de presidente, seja com o de vice. Disso não abro mão.

A questão hoje na direita é saber para quem Jair Bolsonaro vai dar sua bênção? Isso será determinante. O capital político do Bolsonaro nesse campo é muito grande. Uma candidatura de uma pessoa que conta com o apoio do ex-presidente vai a 30%, mesmo se não for ninguém.

O fato de Bolsonaro, mesmo inelegível, insistir na própria candidatura não atrapalha a definição de um nome forte de centro-direita para 2026? Alguém da política tem que chegar até o Bolsonaro e conversar com ele. As coisas são como são. Hoje, não acredito que ele saia como candidato.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) é o nome capaz de unir a direita? O Tarcísio tem dito que não irá concorrer, que prefere disputar a reeleição em São Paulo. Os pretensos candidatos de oposição a Lula precisam se viabilizar em menos de um ano, se querem crescer.

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Nos últimos anos, União Brasil e PP têm se comportado seguindo a máxima “se tem governo, somos a favor”, o que é característico do Centrão. O senhor busca outra abordagem? O centro foi muito relevante para o Brasil nos últimos quarenta anos. No governo de Fernando Collor e na crise de Dilma Rousseff, quem segurou o Brasil e trouxe estabilidade foi esse centro. É um campo muito amplo, que pode conversar sobre muitas coisas e tem que se pautar no crescimento econômico, que é o pilar da prosperidade.

Mas, e quanto ao aspecto fisiológico? Depende do conceito de fisiologia. Creio que o fisiologismo ao qual vocês se referem é o que há vinte anos indicava nomes para ministérios com orçamentos gigantes. Hoje, todo deputado conta com emenda impositiva na ordem de 50, 60 milhões de reais por ano. Isso não é fisiologismo, mas uma regra do jogo da política atual. Esse conceito não cabe mais.

“Não acho que a situação do Brasil com o governo Lula vai piorar, mas não vejo como melhorar da forma que está. É preciso construir uma economia pujante, com segurança jurídica”

O presidente Lula deveria se empenhar mais nas negociações com o Congresso? Eu não vivi essa época, mas todos me dizem que Lula era um cara muito mais próximo da Câmara e do Senado. Ele escutava e se deixava assessorar pela política. O que ouço muito é que o presidente se fechou em torno do grupo que montou. A ausência de troca de ideias não ajuda. Lula tem que entender que, para alcançar a prosperidade, é preciso construir uma economia pujante, com segurança jurídica. Não acho que a situação do Brasil vá piorar, mas não vejo como melhorar da forma que está.

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Como anda sua relação com Luciano Bivar, padrinho político com quem rompeu? Toda disputa é acirrada. Num jogo de futebol, é normal ter caneladas. Mas, do meu ponto de vista, essa questão está superada e vai virar folclore da política nacional. Não guardo mágoas nem rancor. Eu nunca traí ninguém. Tínhamos um acordo que foi cumprido. Meu para-brisas é largo e o retrovisor, pequenino.

O senhor ainda acredita que ele pode ter algum envolvimento no episódio do incêndio de suas casas, em Pernambuco? Estão concluindo o inquérito e conseguiram identificar o autor. O incêndio foi criminoso, não há dúvidas. Creio que em trinta dias teremos mais detalhes sobre o que ocorreu, mas prefiro não falar de coisas ruins.

Como está a situação do ex-ministro Juscelino Filho no União Brasil pós-denúncia da PGR por corrupção? Foi oferecida a denúncia, a gente não sabe nem se ela vai ser recebida. Não muda nada o status dele dentro do partido.

O senhor será candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro? Não tem nada fechado. Se o Rio de Janeiro quiser e eu entender que vai ser bom, não tenho preconceitos quanto a isso e nesse caso sairia candidato.

Publicado em VEJA de 23 de maio de 2025, edição nº 2945

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