Namorados: Assine Digital Completo por 1,99

Véu arrancado: a rebelião apoiada no Ocidente contra o regime dos aiatolás 1p3i49

A morte de uma mulher nas mãos da polícia, presa por não cobrir suficientemente o cabelo, fez explodir o protesto 4o1p5g

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h40 - Publicado em 16 out 2022, 08h00

País fechado em si mesmo, o Irã adotou como norma reprimir, abafar e jogar para debaixo do tapete toda e qualquer rebelião contra a ditadura dos aiatolás. Nem a brutalidade de suas forças policiais, no entanto, vem conseguindo conter a onda de protestos que tomou conta do país depois que Mahsa Amini, 22 anos, foi presa porque seu hijab, o obrigatório véu muçulmano que cobre os cabelos, deixava algumas mechas à mostra e veio a morrer sob a guarda da temida “polícia da moralidade”.

Tendo-se ado quase um mês, a morte de Mahsa continua a levar manifestantes às ruas das grandes cidades, em uma onda de indignação sem liderança definida e insuflada pelas redes sociais. Nos confrontos com o vasto aparelho repressivo do governo, quase 200 pessoas perderam a vida, entre elas dezenove adolescentes. Mobilizadas pelas cenas de vídeos contrabandeados para fora do país, onde o o à internet foi bloqueado, artistas da França e da Espanha postaram fotos cortando o cabelo, gesto que virou símbolo de solidariedade às mulheres iranianas sufocadas pela tirania religiosa.

Na colagem sa de apoio postada no Twitter, celebridades como Juliette Binoche, Marion Cotillard, Isabelle Huppert e até a ex-primeira-dama Carla Bruni, entre outras, aparecem cortando mechas dos cabelos. A iniciativa se repetiu na Espanha, com participação de Penélope Cruz, Carmen Maura, Paz Vega e outras setenta artistas. O gesto viralizou a partir das primeiras reações no Ocidente — cabelos cortados em frente a embaixadas do Irã — à imagem de iranianas lançando hijabs em fogueiras e bradando “Mulher, vida, liberdade” e “Morte ao ditador”.

CORRENTE - Juliette Binoche, Penélope e Carla Bruni: mechas cortadas ao vivo, no Twitter -
CORRENTE - Juliette Binoche, Penélope e Carla Bruni: mechas cortadas ao vivo, no Twitter – (Fotos @soutienfemmesiran/Instagram)

Protestos não são novidade no Irã, país em que a população jovem e indiferente ao nacionalismo que moveu a Revolução Islâmica de 1979 é açoitada por um regime autoritário e inclemente, uma economia em frangalhos após décadas de sanções comerciais e uma seca devastadora. Durante a revolta contra uma intervenção na eleição presidencial de 2009, pelo menos 72 pessoas foram mortas. Dez anos depois, protestos contra um aumento de 200% no preço da gasolina deixaram 1 500 mortos. Desta vez, no entanto, a motivação vai além e expõe uma insatisfação geral contra o regime. “Movimentos sociais anteriores tinham recortes de classe, etnia e geografia. Os protestos pela morte de Mahsa atraem jovens e velhos, pobres e ricos, homens e mulheres”, aponta Claudia Yaghoobi, diretora do Centro de Estudos do Oriente Médio e Islamismo da Universidade da Carolina do Norte.

Continua após a publicidade

A rebelião vinha sendo gestada desde que, após um longo relaxamento das regras locais, o presidente Ebrahim Raisi — que forma com o líder máximo, o aiatolá Ali Khamenei, a mais radical liderança já vista no país — voltou a apertar o cerco. “A questão do hijab estava adormecida até Raisi promulgar uma lei mais rígida e convocar a polícia da moralidade para aplicá-la”, diz Haleh Esfandiari, diretora do Programa Oriente Médio do Wilson Center, de Washington. Com o país em chamas, um presidente impopular e Khamenei, 83 anos, enfrentando problemas de saúde, o governo luta para conter a rebelião das mulheres — sabendo que é questão de tempo até a próxima estourar.

Publicado em VEJA de 19 de outubro de 2022, edição nº 2811

Publicidade

Matéria exclusiva para s. Faça seu

Este usuário não possui direito de o neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo 4b3v3b

o ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo 1f5w5z

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai a partir de R$ 7,48)
A partir de 29,90/mês

*o ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.