China oferece ‘bolsa casamento’ em tentativa de frear crise demográfica q242q
Cidades apostam em incentivos financeiros para estimular matrimônios e aumentar a taxa de natalidade no país, ambos em queda vertiginosa 5k311p

Diante da queda no número de casamentos e do envelhecimento acelerado da população, autoridades da China estão adotando medidas inusitadas para incentivar os jovens a se casarem. Em Luliang, uma cidade da província de Shanxi, casais recém-casados saem do cartório não apenas com a certidão de casamento, mas também com um maço de dinheiro nas mãos. O governo local está pagando 1.500 yuans (cerca de R$ 1.200) para quem oficializa a união, em uma tentativa para conter o declínio populacional.
Desde o início do programa, em 1º de janeiro, mais de 400 casais aram pelo cartório da cidade. Em alguns momentos, a procura foi tão grande que o escritório ficou sem dinheiro para os pagamentos. Muitos que pensavam em deixar as núpcias para depois anteciparam a cerimônia para garantir o benefício.
O incentivo financeiro faz parte de um conjunto de medidas adotadas pelo governo chinês para frear a crise demográfica no país, a segunda maior economia do mundo. Em 2024, a população da China encolheu pelo terceiro ano consecutivo, e o número de casamentos teve a maior queda já registrada, despencando 20,5% em relação ao ano anterior. Apenas 6,1 milhões de novos casamentos foram registrados no ano ado, contra 7,68 milhões em 2023, segundo o Ministério de Assuntos Civis.
Em Luliang, o valor concedido aos apaixonados equivale a metade do salário médio da população urbana e supera a renda dos trabalhadores rurais. “Essa política pode melhorar a situação dos casamentos”, disse Zhang Gang, um dos beneficiados pelo programa, à agência de notícias AFP. Segundo ele, a iniciativa despertou o interesse de muitos amigos, mas nem todos foram convencidos. O benefício tem um limite de idade de 35 anos para mulheres e, para muitos, 1.500 yuans não justificam uma decisão tão significativa.
Turbinada na natalidade 40631k
Além da “bolsa casamento”, Luliang também tem pagamentos para estimular a natalidade, oferecendo 2.000 yuans pelo primeiro filho, 5.000 pelo segundo e 8.000 pelo terceiro, além de subsídios para o registro de recém-nascidos e contribuições para o seguro saúde.
Estratégias semelhantes estão sendo adotadas em outras cidades. Em Shangyou, na província de Jiangxi, famílias com múltiplos filhos também recebem recompensa em dinheiro. Já em Tianmen, na província de Hubei, famílias com três crianças podem ganhar até 165 mil yuans (mais de R$ 130 mil) em incentivos.
Apesar dos esforços, a crise demográfica chinesa é impulsionada por fatores que vão além do matrimônio. Ter filhos é cada vez mais caro, especialmente com educação e cuidados de saúde, um fator que fica ainda mais significativo diante da insegurança no mercado de trabalho: o desemprego entre jovens vem quebrando recordes no país, desmotivando muita gente com idade para formar uma família a fazê-lo.