‘O professor é o valor maior’, diz educador americano Sal Khan sobre IA nas escolas 3q4n1j
A Khan Academy, sua criação, ampliará, nos próximos meses, os recursos de IA de um de seus produtos, o Khanmigo, no Brasil 261jg

O educador americano Sal Khan inaugurou uma pequena revolução a partir de um escritório doméstico, com a produção de vídeos didáticos, especialmente nas áreas de matemática e ciência. A Khan Academy, sua criação, ampliará, nos próximos meses, os recursos de IA de um de seus produtos, o Khanmigo, no Brasil. O anúncio foi feito em um evento promovido pelo Insper, com apoio da Fundação Lemann.
Como será a sala de aula em um futuro breve? A IA se move muito rapidamente, mas prefiro refletir sobre os problemas que queremos resolver. Um dos principais é a dificuldade do professor em lidar com uma classe de trinta alunos com diferentes níveis de aprendizado. A IA fará isso melhor. Imagino uma voz sussurrando: “Elogie a Maria, que fez um ótimo trabalho, ou repreenda o João por não estar sendo construtivo”.
Qual será o papel do professor? Ele é o principal valor na vida das crianças. Se você p a Khan Academy em uma sala, talvez haja cinco crianças entre trinta que dirão: “Ah, isso é incrível”. E elas irão aprender. Mas é muito improvável que as outras 25 façam o mesmo. O papel do professor é motivá-las.
Há risco de a IA agravar essas diferenças? É um medo real. No Vale do Silício, região rica da Califórnia, onde moro, se uma biblioteca fechar, 80% dos frequentadores conseguirão obter livros de outra forma, mas 20% não terão o que fazer. Há cinquenta anos, o desafio dos gestores da educação era garantir o a material didático para todos; há vinte, computadores; e há quinze, conexão com a internet. Chegou a hora da IA.
A dependência da IA pode prejudicar o pensamento crítico? A trapaça na sala de aula, como a cola, já era possível antes de surgirem as ferramentas que escrevem trabalhos. Mas é possível fazer com que o pensamento crítico seja impulsionado. Em vez de oferecer respostas prontas, a IA pode fazer perguntas, instigar o raciocínio. A ferramenta que estamos desenvolvendo, a Khanmigo, faz exatamente isso.
Publicado em VEJA de 6 de junho de 2025, edição nº 2947