Relação entre Brasil e China é “alternativa às rivalidades ideológicas”, diz Lula em Pequim
Brasil tenta se mostrar um parceiro comercial mais confiável para a China, que trava uma guerra comercial com os Estados Unidos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira 13, que “a relação entre o Brasil e a China nunca foi tão necessária” e deve ser vista como “uma alternativa às rivalidades ideológicas”. A declaração alude à escalada das tarifas de importação entre chineses e americanos, na esteira da guerra comercial deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ao lado do presidente chinês, Xi Jinping, Lula afirmou que as “guerras comerciais não têm vencedores”. O brasileiros acrescentou que “elas elevam os preços, deprimem as economias e corroem a renda dos mais vulneráveis em todos os países”.
O embate entre as duas maiores economias do mundo chegou a uma trégua nesta semana, quando a China e os Estados Unidos concordaram em reduzir as alíquotas de importação por noventa dias, enquanto negociam um acordo definitivo. Com isso, os americanos cortaram a sobretaxa de 145% para 30% sobre as importações da China, que, por sua vez, baixou a alíquota de 125% para 10% sobre os produtos americanos.
Desde o tarifaço decretado por Trump em 2 de abril, o Brasil tenta ocupar espaços deixados pelo encarecimento dos produtos de países com os quais compete no comércio internacional. Há, por exemplo, a expectativa de que o tarifaço aumente a competitividade de alguns setores no mercado americano, como o calçadista e o de vestuário, já que nações como o Vietnã, Camboja e a própria China, principais fornecedoras desses produtos para os americanos, foram taxadas com alíquotas bem maiores que o Brasil.
Já em relação à China, o Brasil procura se mostrar como um parceiro mais confiável que os Estados Unidos. Ainda se referindo à turbulência causada pelo retorno de Trump à Casa Branca, Lula afirmou hoje que “nos últimos meses, o mundo se tornou mais imprevisível, mais instável e mais fragmentado. China e Brasil estão determinados a unir suas ordens contra o unilateralismo e o protecionismo”.
Lula acrescentou que “a defesa intransigente do multilateralismo é uma tarefa urgente e necessária”. Neste sentido, voltou a defender que as divergências entre países sejam tratadas em fóruns internacionais como a Organização Mundial de Comércio (OMC), praticamente paralisada desde o primeiro mandato de Trump, quando o republicano dificultou a nomeação de juízes para a corte de apelação do órgão. “O presidente Xi Jinping e eu defendemos um comércio justo e baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio”, disse Lula.