Quase metade das experiências com IA generativa dá certo, afirmam empresas em pesquisa
Pesquisa da AWS revela companhias mais empolgadas em contratar pessoal com domínio da tecnologia do que em treinar as próprias equipes

Virou quase unanimidade: das empresas que planejam contratar pessoal no Brasil nos próximos meses, 96% querem gente com conhecimentos de inteligência artificial generativa, ou IAG, aquela que entende linguagem natural e gera texto, áudio ou imagens. A febre é internacional: 92% das empresas num conjunto de nove países têm essa mesma intenção, conforme uma pesquisa feita pela Amazon Web Services (AWS).
O estudo constatou que o Brasil também está um pouco acima da média na parcela de experiências com IAG que a dos testes e avança para integrar os processos de produção: 46% por aqui e 44% no conjunto dos países pesquisados. Por esse resultado, os gestores brasileiros vêm mostrando muita empolgação com a tecnologia, já que outros dos mercados participantes têm mais tradição em inovação tecnológica (a pesquisa, chamada “AWS Study: Generative AI Adoption Index”, incluiu também Alemanha, Canadá, Coreia do Sul, França, Índia, Japão, Estados Unidos e Reino Unido, num total de 3.739 gestores envolvidos em investimento e implementação de tecnologia. No Brasil, foram ouvidos 411 gestores em setores como manufatura, serviços financeiros, TI e varejo).
“IAG é uma tecnologia transformadora e essa empolgação aparece no mundo inteiro”, disse a VEJA o cientista de dados Sri Elaprolu, diretor global do Centro de Inovação para IAG da AWS. “Estamos vendo os experimentos entrarem na linha de produção e gerarem valor real. Não fiquei nem um pouco surpreso em ver esse nível de inovação no Brasil.”
O entusiasmo é fácil de entender, por causa da promessa de ganho de produtividade. Profissionais de tecnologia da informação terão ganho superior a uma hora por semana já este ano, graças principalmente à IAG, segundo uma avaliação da empresa britânica Pearson no estudo “Skills Outlook”, usando um modelo com 34 tecnologias aplicadas a milhares de tarefas do dia a dia. Esses profissionais devem adotar mais rapidamente a novidade, mas ela tende a se difundir por outras áreas das empresas.
O ímpeto das companhias para tentar extrair resultado dessa tecnologia não resultou ainda em investimento proporcional na qualificação das equipes. Entre as organizações participantes do estudo globalmente, apenas 56% têm planos de treinamento de pessoal em IAG e 19% pretendem ter esses planos até o fim de 2025. No Brasil 60% das organizações afirmam já ter os planos e 26% pretendem tê-los até o fim do ano. A novidade deve ter também o efeito de criar novos cargos e responsabilidades: 56% das organizações no Brasil designaram executivos responsáveis por IA e outras 31% afirmam que vão fazer isso até 2026.
Embora as empresas relatem que quase metade das experiências dão certo – uma parcela animadora –, a AWS alerta para algumas condições necessárias para a obtenção de bons resultados. “O sucesso exige mais do que tecnologia. Exige liderança forte, competências certas e cultura inovadora”, afirma Cleber Morais, diretor-geral da AWS no Brasil.