Digital Completo: Assine a partir de R$ 9,90

A aventura brilhante do dono da coleção de joias mais cobiçada do mundo 2q2hi

O japonês Kazumi Arikawa lança livro em que exibe 250 peças que contam um deslumbrante capítulo de nosso tempo 1216s

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 set 2024, 08h00

No caso de amor entre a atriz Wallis Simpson (1896-1986) e o rei Eduardo VIII (1894-1972), que abdicou do trono em 1936 para ficar com a plebeia, o fato de ela ser uma americana divorciada não era o único a irritar a monarquia britânica. Sua enorme coleção de joias, boa parte delas presentes dados pelo então príncipe, também era motivo de incômodo — a coleção era maior e mais preciosa que a da própria rainha. Depois da morte da duquesa que estorvou a realeza, parte do seu panteão de brilhantes e dourados foi leiloada por 50 milhões de dólares. Outra atriz, Elizabeth Taylor (1932-2011), arrematou um broche de diamantes, item incorporado ao seu cipoal de adornos espetaculares, alimentado por Richard Burton (1925-1984), com quem ela se casou duas vezes. “Eu apresentei Liz à cerveja, ela me apresentou à Bulgari”, brincou o ator certa vez. O acervo da diva de olhos turquesa alcançou em leilão a estratosférica cifra de 137 milhões de dólares.

Contudo, apesar do estardalhaço dos ornamentos de Wallis e Liz, inigualáveis, nos últimos dias ganhou relevo o conjunto reunido pelo japonês Kazumi Arikawa, de 72 anos, tema de um livro com lançamento previsto para o início de outubro: o luxuoso volume Divine Jewels: The Pursuit of Beauty (ainda sem edição em português). Arikawa ou metade da vida construindo uma galeria com alguns dos mais suntuosos exemplares da história da joalheria. Parte das mais de 500 peças, guardadas no Catar, em exposição permanente, é fruto de muita dedicação — e dinheiro, é claro. Ele teve o estalo inaugural de sua frenética busca depois de um momento epifânico no Victoria & Albert Museum, em Londres, em 1982, onde trabalhava como negociante de antiguidades. A partir daquele momento não parou mais, ao reunir unidades que nascem na Antiguidade e chegam até meados do século XX, de diferentes culturas e civilizações. É uma aula de história tingida de elegância.

As tiaras, com o perdão da metáfora, são a joia da coroa. Arikawa é o proprietário de uma das quatro unidades à base de diamantes Fabergé existentes no mundo — seu valor corresponde a praticamente metade de todo o arsenal de brilhantes na posse do amealhador. O japonês também é fã de camafeus, que considera esculturas em miniatura. “O item mais valioso na coleção Médici do século XV não era uma pintura ou estátua, mas um camafeu”, diz o colecionador, que tem cerca de cinquenta, a maioria dos séculos XVIII e XIX.

O COLECIONADOR - Arikawa: instinto e emoção por trás das obras
O COLECIONADOR - Arikawa: instinto e emoção por trás das obras (Louis Teran/Éditions Flammarion/.)

Como budista praticante — ele ou dois anos de sua vida como monge em um templo zen —, o empresário sempre apreciou a forma como as divindades são adornadas com brilhantes, algo que alimentou ainda mais sua paixão por pedras preciosas. Foi com essa ideia em mente que ele conquistou, no início da carreira, a confiança de mercadores de Tóquio e gerentes bancários. O sucesso o levou a Londres — o centro do mundo das joias antigas nos anos 1980 —, onde conheceu a historiadora Diana Scaris­brick, que o apresentou a outros negociantes do métier.

Continua após a publicidade

Animado, ao transformar o que seria um hobby em arte, celebrado por instituições de todo o mundo, Arikawa continuou comprando, vendendo e emprestando para exposições. Ainda hoje, recebe os maiores curadores de museus do planeta, com cerimônias de chá ao som de cantos gregorianos. Uma joia o toca, ele diz, de forma instintiva. “Não preciso de conhecimento. Ou ela faz meu coração tremer ou não faz”, sentenciou o japonês, que inaugurou há pouco um showroom em Paris.

Incansável, Arikawa acredita que os berloques chegam até ele quase por “mágica”, em atração imparável. Em sua coleção, além das prediletas tiaras, disputam atenção brincos de ouro helenísticos, pingentes renascentistas, o colar com 26 esmeraldas da imperatriz russa Catarina II, a Grande (1729-1796), os brincos de diamantes da rainha Vitória (1819-1901), traquitanas art nouveau, brilhantes belle époque da Cartier e um broche de bailarina Van Cleef & Arpels da década de 1950, peças que ele define como a “cristalização do espírito humano”. Por trás dessa vida dedicada a uma obsessão, e dá-lhe obsessão, não é o status proporcionado pelas riquezas que o instiga e o comove. “Tudo está na capacidade de criar emoção”, diz. Ou, para aproveitar uma irônica frase da belíssima atriz americana de origem húngara Zsa Zsa Gabor (1917-2016), que destroçava corações em série: “Nunca detestei um homem a ponto de devolver-lhe seus diamantes”. Pois é.

Publicado em VEJA de 20 de setembro de 2024, edição nº 2911

Publicidade

Matéria exclusiva para s. Faça seu

Este usuário não possui direito de o neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única digital

Digital Completo 4b3v3b

o ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo 1f5w5z

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai a partir de R$ 7,48)
A partir de 29,90/mês

*o ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.