No trabalho e na vida… A fuga emocional pode sabotá-lo sem você perceber 6f4n6o
Existe um tipo de 'evitação' que se disfarça no dia a dia e só atrapalha uma vida mais feliz, produtiva e saudável. Nossa colunista explica do que se trata 2r4r4r

Você já se pegou dizendo: “Só não quero pensar nisso agora”?
Ou, mergulhando no trabalho, nas redes sociais ou em qualquer distração… Só pra não encarar o que está incomodando? Talvez, você nem chame isso de fuga. Afinal, não está correndo de nada. Só está “vivendo”, certo?
Mas e se eu te dissesse que, muitas vezes, é justamente assim que a nós fugimos? Sem barulho. Sem crise. Só mantendo a mente ocupada o tempo todo para não ter que sentir.
Nas últimas semanas, começamos uma conversa importante: os três tipos de evitação que usamos para escapar do desconforto. Já falamos sobre a evitação reativa — aquele impulso de agir no calor da emoção, que parece coragem, mas, muitas vezes, é medo. E, agora, seguimos para o segundo tipo: a fuga emocional.
Como psicóloga clínica e professora da Harvard Medical School, acompanhei muitas pessoas que pareciam estar bem por fora — mas que, por dentro, estavam exaustas de tanto evitar. E eu mesma já estive nesse lugar. Muitas vezes.
Porque a verdade é simples e difícil ao mesmo tempo: fugir dá alívio na hora, mas cobra caro depois. E é sobre isso que vamos falar hoje.
Quando o sucesso esconde uma fuga silenciosa 563b36
Um dos meus clientes, Jake, parecia ter tudo sob controle. Era competente, gentil, bem-sucedido — do tipo que inspira confiança logo de cara. Mas, por dentro, estava se sentindo cada vez… menor.
Cada novo desafio no trabalho vinha acompanhado de um nó no estômago. Ele adiava reuniões, evitava conflitos, mergulhava em distrações. Dizia que precisava de um tempo. Mas, sem perceber, estava fugindo.
Sempre que a ansiedade aparecia — antes de uma reunião importante, depois de uma crítica, diante de decisões difíceis — Jake recuava. Cancelava compromissos, ignorava mensagens, se distraía com uma taça de vinho. Dizia que precisava “dar um tempo” e se enganava acreditando que era autocuidado.
Mas era fuga.
E, como acontece com tantas pessoas que já acompanhei na clínica: com o tempo, a vida de Jake começou a estagnar. O casamento se desgastou. A motivação sumiu. E ele mal se reconhecia mais.
Porque a evitação traz alívio rápido, mas custa caro no longo prazo. Jake não estava descansando. Ele estava se afastando da própria vida.
A linha tênue entre o descanso e a fuga
Já falamos por aqui sobre como pausar pode ser mais ousado do que reagir. Mas tem um alerta importante: pausar também pode ser perigoso quando se transforma em fuga.
Você diz que está descansando, mas a horas no celular. Diz que está “cuidando de si”, mas está evitando encarar o que realmente importa. Essa pausa já não te recarrega — só te afasta de você mesmo.
Redes sociais, comida, séries, trabalho excessivo… tudo isso pode ser fuga, quando a intenção por trás é não sentir. Por isso, a pergunta não é só “o que estou fazendo?”, mas “por que estou fazendo isso agora?”
+ LEIA TAMBÉM: Acompanhe a coluna ‘Viver com Ousadia’, de Luana Marques
Quando você para de fugir, algo dentro de você muda 69174m
Você não precisa enfrentar tudo de uma vez. Nem vencer todos os medos hoje. Mas precisa escolher, com intenção, o próximo o. Aquele pequeno gesto que rompe o ciclo do adiamento.
Talvez seja abrir aquele e-mail. Ou itir, só pra você, que tem algo que está evitando. Até que você consiga desligar o piloto automático e olhar com ousadia para o que ficou acumulado dentro.
Não é conforto o que te faz crescer. É presença. É compromisso.
E fugir — ainda que pareça leve no começo — só adia a vida que você quer viver.
Se tem algo que aprendi na clínica, é isso: quanto mais você evita, mais preso se sente. Mas o contrário também é verdadeiro: quanto mais se aproxima, mais livre você se torna.
Então, hoje, em vez de fugir… se aproxime. Não precisa correr. Basta não se esconder.
A vida que você quer está do outro lado do que você vem adiando.