‘Odete Roitman é misto de Miranda Priestly e tia do pavê’, diz consultor 272c3k
Bruno Astuto foi responsável por consultoria sobre super ricos a núcleo de vilã de ‘Vale Tudo’ 4v4l30

Acostumado a circular pelos principais eventos de moda do mundo, o jornalista Bruno Astuto foi convidado para integrar a equipe de figurino de Marie Salles, responsável pela caracterização dos personagens de Vale Tudo. Coube a ele, um apaixonado por novelas, orientar Debora Bloch (a vilã Odete Roitman), Heleninha (Paolla Oliveira), entre outros, sobre a forma como se comportam os super ricos de famílias aristocráticas do Rio. Em conversa com a coluna GENTE, Bruno conta mais desse desafio.
VIDA DE NOVELA. “Adoro remake. O que seria de nós se não houvesse remake? A gente não veria Shakespeare, não veria Eurípides, não teria Medéia, não teria nada disso… Tudo é um remake, a arte é um remake. Adoro imaginar novelas, quem faria que papel se tivesse um remake. Tem que atualizar mesmo Vale Tudo. Fiquei ado lendo os capítulos, falava: ‘meu Deus do céu, não mudou nada. Ela (Odete) continua uma megera’. Nunca gostei de desenho animado, gostava de novela, sou noveleiro mesmo. Quando comecei a trabalhar com o elenco, ficaram impressionados por eu saber todas as falas de cor”.
ENCONTRO DE ALMAS. “Fiz uma consultoria para o núcleo Roitman, tanto de elenco como de figurino. Desde julho ado a gente está trabalhando nisso, junto com Marie Salles, no figurino. Imagina o prazer que foi repensar nossa Odete, nessa Heleninha, tudo junto com a Marie, que é uma grande amiga minha… Foi um encontro de almas. Trabalhar com uma pessoa que é tão próxima a você é muita sorte”.
MENOS É MAIS. “Olha, o quiet luxury (estilo de moda e comportamento que valoriza a elegância discreta) é uma coisa importante. A gente trabalhou também as marcas internacionais, inclusive da Europa. Odete vem super grifada, mas no quiet luxury. O rico brasileiro, a pessoa que gosta de luxo no Brasil, não vai estar toda logada. Mas vai ter lá um toquezinho, entende? É um desafio. Tem até uma exposição agora em Xangai da (grife italiana) Loro Piana, cujo título é: ‘If you know, you know’, ou seja, ‘se você conhece, você conhece’. Isso é o lema da família Roitman, são aquelas famílias antigas, de dinheiro, do Rio de Janeiro, que não querem ostentar, a ostentação dela não é na roupa. Heleninha, você vai ver, é aquela pessoa que se a assim: ‘Mas ela é tão rica, por que ela se veste assim?’. Existem algumas famílias que mantiveram isso. E tem essa misturada, que acho muito legal, aquela coisa de não ser esnobe, entende? Aquela elite que gosta de artista, que gosta da arte, que valoriza a arte, que pensa no social”.
INCORPORADA. “Todo mundo é meio figurinista da Odete, sabe time de futebol? Todos os estilistas sonham e gostariam de vestir Odete. E a Débora é perfeita. Teve uma vez que a gente conversando, ela falou de um jeito, eu lhe disse: ‘Meu Deus do céu, a Odete Roitman está na minha frente. E não é a Beatriz Segall. É a Odete, a personagem’. Ela incorporou de uma maneira dela, com uma dela”.
TIA DO PAVÊ. “Marie foi muito feliz de ter pedido aos vários estilistas nacionais para criarem figurinos… O Alexandre Herchcovitch, o Vitor Zerbinato. A Odete é meio Miranda Priestly (a vilã do filme O Diabo Veste Prada). E um pouco a tia do pavê, que fala coisas absurdas. Hoje as pessoas reagiriam. Naquela época (1988) todo mundo tinha medo, ela era meio coronel. Hoje, em um determinado momento, alguém vai falar assim: ‘Você está louca de falar isso?’”.