Diretor criativo entra com notícia-crime após denúncia de racismo na SPFW 5m4z14
Raphael Fonseca também acusou a médica Juliana Dias por atitude homofóbica 6z5p2f

O diretor criativo e artista visual Raphael Fonseca, vítima de ameaças durante o desfile do estilista Walério Araújo na São Paulo Fashion Week, entrou nesta terça-feira, 6, com uma representação criminal no Ministério Público de São Paulo, acusando a média Juliana Dias, de racismo e homofobia. Nos fatos narrados no processo obtido pela coluna GENTE, Raphael foi convidado para se sentar no Setor 2, Fila B, no entanto, devido a superlotação, precisou ficar em pé. Logo no início do desfile, Juliana ” exigiu autoritariamente que Raphael se sentasse no chão, ainda que não houvesse qualquer justificativa plausível para tal ordem, visto que o ofendido não interferia em sua linha de visão ou conforto”. Devido a recusa de Raphael em se sentar, Juliana chamou seu marido, Fabricio Viana, que começou uma “a intimidação verbal, ameaçando acionar a segurança do local”. Com a insistência do diretor em não ceder, Juliana o empurrou violentamente e gritou: “Dá licença daqui, veado. Ou você senta, ou você sai daqui”. Ao perceber que o diretor iria continuar em pé, Juliana se sentou novamente em seu lugar.
Após o episódio repercutir, Juliana usou as redes sociais para se justificar. “Por meio de mensagens enviadas diretamente à vítima, Juliana tenta impor uma versão distorcida dos acontecimentos, afirmando que ele ‘deveria ter se sentado’ porque seu marido pediu ‘várias vezes’ e que estava ‘na frente dele– alegações que as imagens do local já desmentiram categoricamente, comprovando que Raphael não obstruía a visão de ninguém”, diz o processo. Segundo o advogado do diretor, Hédio Silva, o caso se trata de uma manifestação racista, já que Juliana “materializou essa ‘valorização negativa’ do corpo negro de Raphael, tratando-o como ser inferior que deveria se submeter à sua vontade”. Além disso, ele afirma que a médica se portou como “uma mulher branca, em espaço de elite, sentindo-se plenamente legitimada a ditar os termos da presença de um homem negro no ambiente”.
Procurado pela coluna, Raphael afirmou que foi para o desfile para prestigiar a marca, quando foi surpreendido pela reação da médica. “ar por toda essa situação ainda reverbera em muitos lugares que só começaram a ter gatilhos por agora. Até porque também eu joguei isso na internet, isso tomou uma proporção que eu não estava esperando… Quase que eu estava me sentindo culpado por não ter deixado ela assistir um desfile. Que não era sobre isso, sabe? Então, ainda assim, meu corpo, ele é colocado à prova até nessa situação. Eu não devia me sentir uma pessoa errada. Mas olha como a situação podia ter virado para mim em segundos, né. É uma reflexão que eu trago para todo mundo que que está falando sobre eu ‘eu teria outras reações’. Às vezes, não é sobre ter reação nenhuma. Aquela resposta que eu tive era de um corpo que já sofreu outras coisas… Eu estava esperando, sim, que o marido dela fosse me dar um soco. Ele estava muito próximo da minha costela, naquela parte que eu vou pra frente no vídeo. Ele me dá um empurrão na costela, ele me dá um apertão… Em relação ao evento… nenhum apoio. Acho que eles também se omitiram da forma que eles acharam que era pertinente. Eu senti que não teve um respeito sobre o meu corpo”, disse.