Dez autores e livros que ajudam a entender o Brasil atual 121i30
A coluna GENTE selecionou títulos recentes de autores nacionais; veja dicas 1s5o37

No esquenta para a Bienal do Livro de 2025 no Rio de Janeiro, que vai acontecer de 13 a 22 de junho no Riocentro, e pensando no 67º Jabuti, que encerrou nesta semana o prazo de inscrição para concorrer ao mais importante e prestigiado prêmio literário do Brasil, a coluna GENTE seleciona uma lista de 10 livros para se entender o Brasil de hoje:
Torto Arado (2019), Itamar Vieira Junior – Vencedor dos prêmios Leya, Oceanos e Jabuti, Itamar nasceu em Salvador, na Bahia, em 1979. É geógrafo e doutor em estudos étnicos e africanos pela UFBA. Seu romance Torto Arado é um dos maiores sucessos — de público e crítica — da literatura brasileira das últimas décadas, tendo sido traduzido em mais de vinte países. No livro, nas profundezas do sertão baiano, as irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Ocorre então um acidente. E para sempre suas vidas estarão ligadas — a ponto de uma precisar ser a voz da outra. Numa trama conduzida com uma prosa melodiosa, o romance conta uma história de vida e morte, de combate e redenção.
Um útero é do tamanho de um punho (2012), Angélica Freitas – Ela nasceu em Pelotas, no Rio Grande do Sul, em 1973, e sua obra já foi publicada em Portugal, México, Espanha, França, Alemanha, Argentina e Estados Unidos. O livro de poemas, escritos a partir de um tema central: a mulher, se tornou um clássico contemporâneo ao refletir, com humor e perspicácia, sobre questões de gênero.
O mundo não vai acabar (2017), Tatiana Salem Levy – Filha de pais brasileiros, nascida em Lisboa, em 1979, Tatiana é escritora, ensaísta e pesquisadora. Com seu romance A chave de casa, traduzido para diversos idiomas, recebeu o Prêmio São Paulo de Literatura como autora estreante em 2008. O mundo não vai acabar é uma coletânea de textos com viés político entrelaçado ao literário, abordando a visão do mundo contemporâneo, tratando das injustiças, das dores e dos conflitos nacionais e internacionais.
Sol na cabeça (2018), Geovani Martins – O autor nasceu em 1991, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro. Trabalhou como “homem-placa”, atendente de lanchonete e de barraca de praia. Em 2013 e 2015, participou das oficinas da Festa Literária das Periferias, a Flup. Seu primeiro livro, a coletânea de contos O sol na cabeça está sendo adaptado como série e ganhou edições em dez territórios. Nos treze contos, Geovani narra a infância e a adolescência de moradores de favelas – o prazer dos banhos de mar, das brincadeiras de rua, das paqueras e dos baseados –, moduladas pela violência e pela discriminação racial.
O corpo encantado das ruas (2019), Luiz Antonio Simas – É escritor, professor, historiador, compositor brasileiro, babalaô no culto de Ifá. Autor de mais de dezenove livros sobre cultura brasileira, história social, filosofia popular e religiosidades, Simas nasceu em 1967, no Rio de Janeiro. No O corpo encantado das ruas reivindica a riqueza dos saberes, práticas, modos de vida, visões de mundo das culturas que não podem ser domados pelo padrão canônico. Nele, tambor e livro são tecnologias contíguas. O Parque Shanghai é tão importante quanto o Cristo Redentor. Bach é um gênio como Pixinguinha. O Museu Nacional, um território sagrado, que acumulava o axé proporcionado pelos ancestrais à comunidade.
A vida secreta dos padres gays (2025), Brendo Silva – Teve sua formação marcada pela vivência religiosa, atuando como coroinha e seminarista por mais de dez anos. É pedagogo, jornalista em formação e pós-graduado em religião e em sexualidade. Fruto de anos de vivência, pesquisa, escuta atenta e coragem, a obra mergulha nas complexas relações entre sexualidade, fé e poder dentro de uma das instituições mais influentes do mundo: a Igreja Católica. Brendo nasceu em 1991, em Belém (PA).
A palavra que resta (2021), Stênio Gardel – Trabalha no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará e é especialista em Escrita Literária. A palavra que resta é seu primeiro romance e foi escrito durante os Ateliês de Narrativa ministrados pela escritora Socorro Acioli em Fortaleza. No livro, acompanhamos a trajetória de Raimundo, homem analfabeto que na juventude teve seu amor secreto brutalmente interrompido e que por cinquenta anos guardou consigo uma carta que nunca pôde ler. Stênio nasceu em Limoeiro do Norte (CE), em 1980.
Oração para Desaparecer (2023), Socorro Acioli – Nascida em 1975, em Fortaleza, Ceará, é jornalista, escritora e professora brasileira, com doutorado em Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Ela é professora da Universidade de Fortaleza, onde também coordena a especialização em Escrita e Criação. No primeiro romance após A cabeça do santo, Oração para Desaparecer conta a história de uma mulher que, sem lembrança nenhuma de seu ado, precisa reconstruir a vida em um lugar completamente desconhecido, apenas com a língua portuguesa como porto seguro.
Canção para ninar menino grande (2022), Conceição Evaristo – É uma das mais influentes literatas do movimento pós-modernista no Brasil, escrevendo nos gêneros da poesia, romance, conto e ensaio. Canção para ninar menino grande trata-se de um mosaico afetuoso de experiências negras. Na figura do personagem Fio Jasmim, Conceição discute as contradições e complexidades em torno da masculinidade de homens negros e os efeitos nas relações com as mulheres negras. Nasceu em 1946, em Belo Horizonte (MG).
O som do rugido da onça (2021), Micheliny Verunschk – Nascida em 1972, em Pernambuco, a escritora e historiadora venceu o Prêmio Jabuti em 2022 com O som do rugido da onça. O livro conta a histórias de duas crianças indígenas que foram raptadas de suas terras no Brasil e levadas por pesquisadores alemães para Europa, e tem como pano de fundo uma história real. Um romance histórico que denuncia os absurdos do colonialismo.