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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming

The Last of Us: o que esperar da segunda temporada da série apocalíptica 1o416y

Trama expõe a capacidade humana de resistir mesmo diante do pior, reforçando o filão das séries que extraem poesia e sabedoria do apocalipse 3p2w5h

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 abr 2025, 13h32 - Publicado em 4 abr 2025, 06h00

A população da pequena cidade de Jackson, no Wyoming, se prepara para a chegada de mais um ano com festa na praça principal. O local, com jeitão de Velho Oeste, foi criado lá no século XIX para ser autossuficiente. A vila é protegida por um imenso muro e pelas montanhas ao redor. Há alimentação para todos, provida por uma fazenda, e energia vinda de uma hidrelétrica. O clima de normalidade, porém, mascara o horror: após um apocalipse climático, boa parte da humanidade foi transformada em zumbis por um fungo até então inofensivo (que existe de fato), o Cordyceps. Antes do aquecimento global, o patógeno só atacava formigas, mas ou a ter pessoas como alvo após sofrer uma mutação causada pelo aumento da temperatura. Na série The Last of Us, que chega à sua segunda temporada no domingo, 13, na Max, lugares como Jackson são bolhas para aqueles que se salvaram, tentam juntar os cacos e resgatar a vida — enquanto isso for possível.

Leia também: Bella Ramsey, estrela de The Last of Us, a VEJA: ‘O autismo me moldou’

A luta humana para sobreviver em um mundo apocalíptico é uma temática que se renova graças a uma característica sagaz: a capacidade de acenar ao espectador com uma visão do fim do mundo conectada às angústias de cada época. No ado, as preocupações exploradas na tela já foram da paranoia nuclear à pandemia. E hoje se centram em novos “vilões” coletivos. As visões de um apocalipse ambiental ganharam força, embaladas pela preocupação com as mudanças climáticas. No pacote se somam, ainda, os temores com a volatilidade de um mundo onde políticos negacionistas e belicistas ganham mais e mais poder (vide, óbvio, Donald Trump).

DRAMA REAL - Pedro Pascal como Joel: busca por saúde mental no caos
DRAMA REAL - Pedro Pascal como Joel: busca por saúde mental no caos (Max/Divulgação)

Nessa seara, nada na ficção atual supera The Last of Us. Na nova temporada da série, baseada no videogame de mesmo nome, cinco anos se aram após o caos causado pela contaminação em massa do Cordyceps, e Joel Miller (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey), apesar de não se falarem mais, vivem em paz em Jackson. “The Last of Us não se propõe a ser metáfora de nenhum conflito político específico, mas busca refletir emoções humanas universais que podem levar a comportamentos como violência, xenofobia e protecionismo”, disse a VEJA o diretor e produtor Craig Mazin — que também criou a excepcional minissérie Chernobyl (2019), sobre os efeitos do devastador acidente nuclear soviético de 1986.

Os atuais alertas climáticos e o retorno do fantasma nuclear, reflexo de conflitos como a guerra na Ucrânia, tornaram a ficção apocalíptica de novo popular — e o melhor: capaz de refletir nuances originais da questão. Além de The Last of Us, o streaming hoje exibe pérolas como Paradise, do Disney+. Na série, parte da humanidade conseguiu sobreviver a um tsunami sem precedentes, vivendo em relativa tranquilidade numa cidade típica do interior americano — mas construída dentro de uma montanha. Já em Silo, da Apple TV+, uma comunidade que há anos vive isolada num bunker tenta entender o que causou a extinção no mundo exterior. O drama é ilustrado pela frase de uma personagem que se impressiona com a natureza abundante que havia na Terra: “Como eles perderam esse mundo?”.

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TERRA DEVASTADA - Silo: curiosidade para entender como o mundo acabou
TERRA DEVASTADA - Silo: curiosidade para entender como o mundo acabou (Apple TV/.)

Qualquer que seja a causa do apocalipse de plantão, a premissa desenvolvida com primor por essas séries não é sobre a destruição em si, mas como o ser humano se revela em meio à devastação. Encontrar um fiapo de normalidade no fim do mundo se tornou um tema caro aos showrunners de Hollywood, e de notório interesse da audiência, especialmente após a pandemia de covid-19. Na segunda temporada de The Last of Us, a sensação de normalidade após um período de crise é seguida pela complacência e pelo esquecimento dos perigos. Uma tendência que reflete a adaptabilidade humana de seguir em frente após grandes eventos traumáticos — que testemunhamos na vida real durante a pandemia. “Essa ‘calmaria’, é o prenúncio da tragédia que ecoa o conceito grego de hybris, onde o excesso de confiança leva à queda”, diz Mazin.

Com apenas sete episódios, a série centrará seus esforços em contar como a chegada de uma forasteira na cidade, a soldada em busca de vingança Abby (Kaitlyn Dever), desestabilizará a aparente tranquilidade local. Descoberta em Game of Thrones, ao interpretar com brio a nobre Lyanna Mormont, Bella Ramsey continua sendo o trunfo de The Last of Us. A atriz, que descobriu recentemente ser autista e precisou lidar com o ódio nas redes sociais “por não ser bonita como a personagem do game” em que se baseia a série, prossegue em sua sina de ser a única pessoa imune ao fungo (leia a entrevista).

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COLAPSO CLIMÁTICO - Paradise: drama após hecatombe ambiental
COLAPSO CLIMÁTICO - Paradise: drama após hecatombe ambiental (./Disney+)

Na nova temporada, os episódios seguirão a mesma lógica da primeira fase, em que cada um deles funciona como uma parábola sobre a civilização. Humanista, a série vai examinando as dores da sociedade atual, mas também dramas íntimos, da descoberta da sexualidade de Ellie à busca por saúde mental de Joel. “A ideia é reduzir a escala da narrativa épica para explorar a profundidade das relações pessoais”, afirma Mazin. Mesmo nesse clima de fim do mundo, há poesia e sensibilidade.

Publicado em VEJA de 4 de abril de 2025, edição nº 2938

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