As mensagens de WhatsApp que implicaram Braga Netto em tentativa de golpe 2f6829
Segundo a PF, o general teve "forte atuação" na "incitação contra os membros das Forças Armadas que não estavam coadunadas aos intentos golpistas" 2w106s

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que autorizou a operação deflagrada pela PF nesta quinta-feira contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados afirma que conversas de WhatsApp obtidas na investigação “evidenciaram a participação e adesão” do general Walter Braga Netto, na tentativa de golpe de Estado.
Um dos 25 alvos de mandados de busca e apreensão, o militar teve, segundo Moraes, “forte atuação inclusive nas providências voltadas à incitação contra os membros das Forças Armadas que não estavam coadunadas aos intentos golpistas, por respeitarem a Constituição Federal”.
A atuação do ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, foi apontada a partir de imagens (prints) de conversas extraídas do telefone celular de Ailton Barros — capitão reformado do Exército que foi preso no ano ado por participação em fraude nos cartões de vacina do ex-presidente.

Moraes apontou que Braga Netto chegou a encaminhar para Ailton Barros, em 14 de dezembro de 2022, uma mensagem que teria recebido de um “FE” (sigla para Forças Especiais), com a seguinte afirmação:
“Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá e do Gen FREIRE GOMES. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”.
O general Marco Antônio Freire Gomes foi comandante do Exército entre março e dezembro de 2022, último ano do governo Bolsonaro.
Ainda segundo os prints, Barros então sugeriu continuar a pressionar Freire Gomes e, caso insistisse em não aderir ao golpe de Estado, afirmou “vamos oferecer a cabeça dele aos leões”.
“Oferece a cabeça dele. Cagão”, respondeu Braga Netto.
“Ainda no contexto do referido diálogo, o investigado BRAGA NETTO encaminha uma mensagem de texto, seguida de uma imagem (cortada), que teria relação com a residência do General FREIRE GOMES. Diz: ‘Em frente à residência do general Freire Gomes agora’, como evidenciam imagens acima colacionadas”, aponta Moraes na decisão.
Veja outras conversas entre Braga Netto e Ailton Barros:


Conversa entre Braga Netto e Ailton Barros, em 17 de dezembro de 2022Moraes destacou que representação da PF indicou também que a atuação não se restringiu em determinar ataques ao general Freire Gomes, mas também orientou Barros, no dia 15 de dezembro de 2022, a atacar o tenente-brigadeiro Baptista Júnior, então comandante da Aeronáutica, e a quem chamou de “traidor da pátria”, e elogiar o almirante Almir Garnier Santos, que chefiava a Marinha e foi um dos alvos da operação desta quinta.
“As referidas mensagens vão ao encontro, conforme aponta a Polícia Federal, dos fatos descritos pelo colaborador MAURO CID, que confirmou que o então Comandante da Marinha, o Almirante ALMIR GARNIER, em reunião com o então Presidente JAIR BOLSONARO, anuiu com o Golpe de Estado, colocando suas tropas à disposição do Presidente, tudo de acordo com as imagens acima”, escreveu o ministro do STF.
“Por fim, a autoridade policial traz elementos indicativos da real expectativa que permeava o grupo quanto à permanência no poder, discorrendo ainda sobre a relação entre os todos os cinco eixos de atuação da organização criminosa que, embora ostentem finalidades específicas, foram utilizados como e para verdadeira execução de um golpe de Estado no Brasil”, concluiu.