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Os líderes e as tragédias

A história prova que as crises também produzem grandes políticos

Por Murillo de Aragão Atualizado em 3 jun 2024, 16h48 - Publicado em 18 Maio 2024, 08h00

As grandes tragédias, como guerras, acidentes de proporções épicas e enchentes, como as que assolam o Rio Grande do Sul, podem glorificar ou destruir líderes políticos. Ainda que tenha sido derrotado por pouco nas urnas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), caso tivesse tido outra abordagem ao longo da pandemia de covid-19, teria sido imbatível na corrida eleitoral de 2022.

A história é pródiga em exemplos de governantes que se consagraram em momentos de tragédias. Com o New Deal, Roosevelt se transformou em estadista. Konrad Adenauer foi o construtor da nova Alemanha após a Segunda Guerra Mundial. Charles de Gaulle participou da reconstrução da França e, nos anos 50, fundou a Quinta República, que vige até hoje. Winston Churchill saiu do ostracismo para a glória de ser considerado o maior estadista do século ado por conta de sua liderança na Segunda Guerra.

Os acontecimentos no Rio Grande do Sul colocam tanto o presidente Lula (PT) como o governador Eduardo Leite (PSDB) em situações críticas que podem, de certa forma, engrandecê-los ou reduzi-los como homens públicos. A situação é mais delicada para Lula, já que está sob o seu comando a destinação das verbas necessárias para a reconstrução do estado. Pois, caso as verbas e a assistência não sejam adequadas, ele sofrerá com críticas em âmbito nacional.

“Os acontecimentos colocam Lula e Eduardo Leite em situações que podem engrandecê-los ou reduzi-los como homens públicos”

Por outro lado, Lula poderá, caso seja bem-sucedido, ganhar apoios no Sul, onde o bolsonarismo predomina. Lula, porém, enfrenta vários desafios. Primeiro, conseguir organizar o núcleo duro do governo para dar prontas respostas. Segundo, conter as disputas entre o petismo e as forças não governistas no estado. Terceiro, ajudar Eduardo Leite sem transformá-lo em herói nacional.

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A conduta inicial de Lula na tragédia foi positiva para a sua avaliação. O levantamento da Quaest divulgado no dia 8 de maio revelou que o Palácio do Planalto conseguiu interromper a queda na aprovação do presidente. Um bom desempenho do governo federal no Rio Grande do Sul pode ampliar, ainda mais, a aprovação do governo, especialmente entre os eleitores que não são nem lulistas nem bolsonaristas.

A fórmula para Lula consolidar e ampliar a sua modesta ascensão nas pesquisas de opinião segue um modelo básico, sobretudo se demonstrar liderança, empatia e competência: as respostas do governo federal devem ser imediatas e eficazes; e a presença constante de Lula no Rio Grande do Sul é essencial. Foi muito boa a sua iniciativa de cancelar a viagem ao Chile neste fim de semana para se dedicar ao enfrentamento da tragédia no Sul.

A comunicação oficial deve ser clara e transparente sobre as ações que estão sendo tomadas. Os desafios enfrentados e os progressos alcançados podem gerar confiança. Obter apoio e recursos de organizações internacionais e de outros países pode também reforçar a imagem de líder bem conectado e influente. Por fim, o governo federal já deve começar a tratar imediatamente do planejamento de médio prazo acerca da reconstrução da infraestrutura do Rio Grande do Sul, o que, naturalmente, inclui medidas de prevenção.

Publicado em VEJA de 17 de maio de 2024, edição nº 2893

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