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Por Vilma Gryzinski
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O mestre dos drones: esse ucraniano está dando um baile nos russos 50484u
Chefe do serviço de espionagem é a mente por trás de ataques humilhantes para a Rússia, contra aviões de guerra e, agora, a ponte da Crimeia 105j6y
É provável que poucas pessoas gostariam de estar numa situação conflituosa com Vasil Maliuk, o chefe do SBU, o serviço ucraniano de inteligência. Aliás, nem em situações pacíficas: ele parece um vilão de cinema e tem dimensões físicas comparáveis a um armário tamanho enorme. Tem também senso de humor. Referindo-se à carga de explosivos que detonou sob a ponte de Kerch, orgulho da engenharia russa com seus 18 quilômetros, ele lembrou ataques anterior, em 2022 e 2023, e acrescentou acidamente: “Então hoje continuamos a tradição, debaixo d’água”.
A explosão, que deixou estragos ainda não inteiramente revelados, foi mais um lance de audácia, depois do ataque de domingo contra quatro bases aéreas russas, um feito quase inacreditável, com a infiltração de drones escondidos em containers de madeira de teto retrátil, transportados por caminhões até as proximidades dos aeroportos militares.
Embora o ataque contra a ponte da Crimeia empalideça diante dessa operação, também tem um aspecto de vídeo game. Não é difícil imaginar as camadas de segurança em torno da ponte, que já havia tido uma pista detonada por um caminhão-bomba e foi reaberta em tempo recorde, como um ponto de honra para Vladimir Putin.
Depois do ataque dos drones contra as bases aéreas, blogueiros militares russos, cujas reações são uma janela para operações militares geralmente escamoteadas, e as redes sociais pediram a cabeça de Maliuk, propondo que o quartel-general do serviço de inteligência, em Kiev, fosse simplesmente varrido da face da terra – com Maliuk junto, é claro. Também houve revolta e raiva. “Eles atingiram a aviação estratégica de um estado nuclear e ninguém está falando nada. Silêncio total. É tão frustrante que dá vontade de chorar. Acordem, desgraçados do Kremlin”, dizia um comentário típico.
TRÍADE NUCLEAR 5l6m2t
Para acrescentar um toque a mais na humilhação, o presidente Volodymyr Zelensky disse que a base secreta de operações em território russo ficava em frente a uma sede do FSB, o serviço de inteligência russo do qual, na verdade, os ucranianos herdaram sua escola de espionagem e métodos de ação. Antes da dissolução da União Soviética, a espionagem ucraniana era um dos braços da notória KGB. Analistas mais descrentes dizem que depois, também.
Hoje, obviamente, a infiltração russa se tornou quase impossível. Inclusive porque a CIA financiou e treinou a rede de doze bases secretas perto da fronteira com a Rússia, segundo uma reportagem do New York Times.
O que leva a uma pergunta intrigante: como a inteligência ucraniana planejou uma operação complexa como a infiltração de drones em território russo sem conhecimento dos americanos? A resposta talvez demore anos para vir à tona.
A destruição ou incapacitação de pelo menos treze – ou até 41 – bombardeiros estratégicos e outros aviões sofisticados tem um significado enorme no tabuleiro mundial do poder bélico. A Rússia tem 120 desses aviões, projetados para bombardear os Estados Unidos no caso de uma guerra nuclear. Eles fazem parte da tríade nuclear, a capacidade de usar mísseis em terra, mar e ar, disparados a partir de bases terrestres, submarinos ou aviões de longo alcance. Apenas quatro países no mundo têm os meios tríplices: Estados Unidos, Rússia, China e, mais recentemente, Índia.
MAESTRO DA BANDA s5721
Um dos muitos memes criados depois do ataque mostra Zelensky sentado na poltrona do Salão Oval onde foi intimidado por Donald Trump e o vice JD Vance, com uma pergunta desafiadora que inverte a cobrança feita a ele na reunião fatídica: “Nós destruímos um terço dos bombardeiros nucleares russos e vocês nem agradecem?”.
Em termos da guerra na Ucrânia, os efeitos são relativamente poucos. A Rússia continua a ter superioridade sobre o país invadido em todos os campos. Mas certamente todos os estudiosos de operações bélicas agora estão pensando em como instalações estratégicas podem ser protegidas de algo que nunca haviam imaginado, como a infiltração de drones. Uma das perguntas, entre os muitos cenários cogitados: a Coreia do Norte, com uma longa tradição de infiltração, não poderia fazer a mesma coisa contra bases na Coreia do Sul?
Todos os envolvidos na operação contra os bombardeiros estratégicos conseguiram sair do território russo, segundo Zelensky. Entre eles, Artem Timofeiev, o responsável por alugar os caminhões usados no transporte dos drones, segundo blogueiros russos. Ele é um ex-DJ, tatuado e casado com uma beldade ucraniana que escreve romances eróticos. Os dois moravam na cidade russa de Cheliabinsk. Provavelmente, não adianta pedir detalhes a Maliuk, o maestro da banda.
Ninguém duvida de que a vingança de Putin será maligna, mas é bom, para variar, ver os bandidos se dar mal.
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