
A primeira-dama Janja da Silva deu um forte pito em integrantes do governo Lula e da imprensa brasileira nesta segunda, 19, em evento do ministério dos Direitos Humanos. Mais do que isso: deu também sua principal declaração política desde que o presidente foi eleito em 2022.
“O diálogo constante, o acompanhamento responsável, a definição de limites e a responsabilização das plataformas digitais são medidas igualmente indispensáveis para a sua proteção. E aqui eu faço outra pausa para falar que em nenhum momento eu calarei a minha voz para falar sobre isso. Em nenhum momento, em nenhuma oportunidade. Não há protocolo que me faça calar se eu tiver uma oportunidade de falar sobre isso com qualquer pessoa que seja, do maior grau ao menor grau, do mais alto nível a qualquer cidadão comum”, afirmou para depois ser ainda mais clara sobre o caso do TikTok.
“Quero dizer que a minha voz, vocês podem ter certeza que será usada para isso. E foi para isso que ela foi usada na semana ada, quando eu me dirigi ao presidente Xi Jinping, após a fala do meu marido sobre uma rede social. Como mulher, não ito que alguém me diga que eu tenho que ficar calada. Eu não me calarei quando for para proteger a vida das nossas crianças e dos nossos adolescentes”, disse.
Viram aí, leitores?
A declaração é uma manifestação política indignada da primeira-dama contra a forma como foi tratada após a intervenção em uma reunião com o presidente chinês sobre alguns assuntos, entre eles o TikTok.
A fala gerou incômodo por um lado entre integrantes da quinta istração petista, mas também revelou o absurdo com o chamamento de um agente da ditadura para ajudar na regulação das redes sociais, mesmo que o pedido não tenha vindo dela.
Janja tem todo o direito de fazer posicionamentos em defesa de mulheres e crianças abusadas e violentadas pela “terra sem lei” das redes sociais no Brasil. Não é essa a questão. Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, criou o programa “Comunidade Solidária”, uma ação de sucesso no combate à pobreza e à exclusão social durante o governo do marido.
E, sim, ela pode ter sido vítima de machismo neste caso. “Por mais que algumas pessoas se sintam incomodadas ou achem que não cabe a mim falar, questionar ou discutir sobre isso, reforço aqui meu compromisso de seguir lutando por um espaço digital respeitado, principalmente, porque me preocupo imensamente com as mulheres e crianças deste país, as principais vítimas dos crimes digitais”, disse.
Janja ainda explicou sua visão sobre a cobertura da imprensa brasileira no episódio. “A gente precisa tratar isso de uma forma um pouco mais séria e não como fofoca de bastidor”, declarou.
A primeira-dama foi fortemente aplaudida no evento do ministério dos Direitos Humanos, num claro sinal da pasta de Macaé Evaristo em favor da primeira-dama. De fato, Janja encontrou uma boa narrativa para responder aos críticos: a necessária causa da regulação das redes sociais no Brasil. Mas, espera-se, sem ajuda de uma ditadura.