Maquiavel

Por José Benedito da Silva

A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para s.

Brasil

O que Romeu Zema foi fazer em El Salvador, o país de Nayib Bukele

Governador de Minas Gerais desembarcou nesta terça-feira, 27, no país, para uma série de encontros sobre segurança pública

Por Laísa Dall'Agnol SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 27 Maio 2025, 18h01 - Publicado em 27 Maio 2025, 16h41

Governador Romeu Zema em visita a El Salvador, ao lado do secretário de Segurança de Minas, Rogerio Greco (Reprodução/Instagram)

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), desembarcou nesta terça-feira, 27, em San Salvador, capital de El Salvador, para uma série de encontros que têm como tema central a segurança pública e o combate à violência.

Segundo o governo estadual, a viagem tem como objetivo mapear as estratégias implementadas pelo país — que já foi considerado um dos mais violentos do mundo — e avaliar possibilidades de “intercâmbio de conhecimento” com Minas Gerais. O estado tem atualmente um dos melhores índices de segurança do Brasil, com os menores indicadores de homicídios dentre os demais estados, segundo o último Atlas da Violência, divulgado neste mês.

De acordo com o governo estadual, a missão em El Salvador durará três dias e prevê “encontros com empresários, comerciantes e moradores de algumas das comunidades que mais sofriam com as atuações das gangues, além de reuniões com membros dos poderes Legislativo e Executivo”. Em vídeo publicado nas redes sociais nesta terça-feira, 27, já em San Salvador, Zema disse também que falaria com os “principais” veículos de comunicação local, “que querem saber o que está acontecendo em Minas e no Brasil”.

Zema participa da viagem ao lado do secretário de Segurança de Minas, Rogério Greco. “Viemos aqui pra ver qual é a receita que funcionou tão bem. Tudo indica que é o Estado atuar contra organizações criminosas. Com certeza, vamos estar vendo muita coisa boa aqui, nesses três dias em que ficaremos (…). E aqui aconteceu algo muito simples: a lei voltou a valer e o povo voltou para a rua”, disse o mandatário em vídeo publicado nas redes sociais na tarde desta terça-feira, 27.

Aposta

A repórter de VEJA Amanda Péchy esteve em San Salvador no final de abril deste ano para uma reportagem especial que mergulhou nos resultados da política de linha duríssima implementada pelo presidente Nayib Bukele para combater a criminalidade.

Continua após a publicidade

Por décadas a “capital global dos homicídios”, o país da América Central viu esse índice despencar de 36 para 1,9 a cada 100 000 habitantes — o menor da América Latina e mais de dez vezes inferior ao do Brasil. De outsider, Bukele ou a ser um político adulado pelo argentino Javier Milei e até por Donald Trump, que nele vê um aliado na “maior deportação em massa na história americana”.

Ao mesmo tempo, essa cruzada esfarelou os alicerces de um regime democrático no papel. No lugar disso, emergiu um estado de exceção, tendo como um de seus pilares as prisões em massa. São 85.500 pessoas nos presídios. Quase 10% da população jovem masculina está atrás das grades, a maior taxa de encarceramento do planeta.

A contenção da criminalidade obtida graças a essa política de linha dura extrema vem atraindo a El Salvador políticos não apenas da direita radical para ver de perto o “milagre”. Entre os brasileiros, o influencer Pablo Marçal já esteve no país com esse propósito. Também prestigiou o salvadorenho o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, que desembarcou em San Salvador em 2023 com dezesseis integrantes da Comissão de Segurança da Câmara.

Continua após a publicidade

Eleições

Ventilado como candidato da direita brasileira nas eleições de 2026 — o que, segundo aliados, independerá da habilitação política e do aval de Jair Bolsonaro, Romeu Zema tem desenhado o que deverão ser os principais pilares da sua empreitada. Além da segurança pública, como tem alardeado, estão na lista a defesa ao combate à inflação e à corrupção, a austeridade fiscal e o apelo a valores cristãos.