Governo Lula critica ação em favela e suspende doação de área a Tarcísio 3g2b5f
Em nota sobre a desocupação da Favela do Moinho, Ministério da Gestão disse que 'não compactua com qualquer uso de força policial contra a população' 303b1x

Depois de uma tarde de embate entre forças policiais e moradores, o Ministério da Gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva emitiu uma nota nesta terça-feira, 13, suspendendo a cessão do terreno da Favela do Moinho, no centro de São Paulo, à gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos). De acordo com o comunicado, o governo paulista não estaria cumprindo a condição de fazer um processo de desocupação pacífico dos moradores.
“O governo federal não compactua com qualquer uso de força policial contra a população. Diante da forma como o governo do Estado de São Paulo está conduzindo a descaracterização das moradias desocupadas na Favela do Moinho, a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) vai expedir, ainda nesta terça-feira, 13 de maio, uma notificação extrajudicial paralisando o processo de cessão daquela área para o governo do Estado”, diz o comunicado.
Minha equipe acompanha a grave situação na Favela do Moinho, na capital paulista, com a @PMESP atacando violentamente os moradores que protestam pela quebra do acordo do Governo @tarcisiogdf com a CDHU para a demolição das moradias. pic.twitter.com/Ba1sEB098W
— Eduardo Suplicy (@esuplicy) May 13, 2025
A Favela do Moinho é uma área de moradia irregular no centro de São Paulo, no bairro do Bom Retiro, perto da estação de trem Júlio Prestes. O terreno, que começou a ser ocupado entre os anos 1980 e 1990, pertence à União, que concordou em 2024 em ceder a área ao Estado de São Paulo com a condição de que os moradores concordassem com a política de realocação. O plano é transformar o local em um parque e em uma nova estação de metrô.
A gestão Tarcísio ofereceu um auxílio aluguel de 800 reais por mês para que as pessoas deixassem a comunidade, tendo em vista que as moradias sociais inicialmente pensadas para esse público não ficaram prontas. Também foi ofertada uma linha de crédito para financiamento de um imóvel próprio, em valores que variam de duzentos a 250.000 reais, dependendo da localidade.
Desde que o processo de realocação foi iniciado, a Favela do Moinho se tornou palco de diversos embates entre moradores e poder público — ora representado pelos agentes dos serviços de moradia, ora pelas forças policiais. Como muitos moradores aderiram à proposta do governo Tarcísio, nesta tarde começaram as demolições de parte das casas, sob protestos de moradores.
A Polícia Militar foi convocada a intervir e vários moradores que ainda estão na Favela do Moinho relatam que foram alvo de bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha. Na noite de segunda, 12, moradores atearam sacos de lixo com fogo sobre as linhas de trem ao redor, interrompendo o funcionamento de algumas linhas do transporte público.
Parlamentares e políticos de oposição a Tarcísio têm acompanhado a movimentação. O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) divulgou nas suas redes sociais imagens de policiais armados circulando pelas ruas da comunidade. Ex-candidato à prefeitura da capital paulista, Guilherme Boulos (PSOL) também divulgou imagens de bombas de efeito moral sendo lançadas na favela nesta terça.
ABSURDO! A PM do @tarcisiogdf está nesse momento atacando com bombas de gás os moradores da favela do Moinho e as deputadas que estão acompanhando a ação para demolir as casas das pessoas. É inaceitável! #repost @EdianeMariaMTST pic.twitter.com/IA3GbFDv8S
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) May 13, 2025