Vermelhidão no rosto? Pode ser rosácea. Saiba reconhecer os sinais 4s5c
Doença inflamatória crônica da pele afeta milhões de pessoas em todo o mundo, mas diagnóstico e tratamento são dificultados por informações falsas 1yk2n

A rosácea é uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente o rosto, sendo caracterizada por vermelhidão persistente ou recorrente. Essa vermelhidão pode surgir de forma gradual ou súbita, variando em intensidade e duração. A intensidade pode variar desde um leve rubor até uma coloração intensa que cobre grande parte do rosto. Essa reação pode ser temporária, durando apenas alguns minutos, ou persistente, permanecendo por semanas ou meses.
Fatores como exposição ao sol (radiação UV), álcool (especialmente vinho tinto), alimentos picantes (como pimenta e curry), estresse emocional (ansiedade e frustração), exercícios intensos, mudanças de temperatura (calor ou frio extremos) e certos cosméticos (produtos com álcool ou fragrâncias fortes) podem desencadear ou agravar a condição. Além da vermelhidão, podem aparecer vasos sanguíneos visíveis (telangiectasias), ardência, ressecamento, coceira e sensação de calor intenso. Em casos graves, surgem lesões inflamadas semelhantes à acne, mas sem os comedões típicos (cravos e espinhas).
A rosácea pode também afetar os olhos, resultando na rosácea ocular, que se manifesta como irritação, olhos secos, vermelhos e sensibilidade à luz (fotofobia) sensação de areia nos olhos, visão turva e, em casos mais graves, inflamação da córnea, conhecida como ceratite. Nos homens, a apresentação mais comum é a rinofima, caracterizada pelo espessamento do nariz. Esse espessamento pode variar de um leve aumento de volume até deformidades graves que impactam a aparência e, em casos extremos, a respiração.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a rosácea afeta entre 1,5% e 10% da população, sendo mais comum em adultos entre 30 e 50 anos, especialmente em mulheres. A predisposição genética e fatores ambientais desempenham um papel importante no desenvolvimento dessa condição.
Além dos sintomas físicos, a rosácea impacta profundamente a autoestima e a qualidade de vida dos pacientes. Sua visibilidade pode causar ansiedade, estresse e insegurança, levando ao isolamento social devido ao medo de julgamento e estigma. Muitos pacientes relatam sentimento de frustração, vergonha e isolamento social, afetando negativamente sua saúde mental. A doença pode levar a problemas de relacionamento, dificuldades no trabalho e até depressão.
Como identificar a rosácea? 6f5j4e
O diagnóstico é clínico e deve ser feito por um dermatologista, que avaliará os sintomas e, se necessário, poderá recomendar exames complementares, como biópsia da pele, para descartar outras condições, como acne vulgar, lúpus eritematoso ou dermatite seborreica. A rosácea é classicamente associada a mulheres de pele clara, onde a doença também é mais facilmente diagnosticada. Isso se deve, em parte, ao fato de que a vermelhidão (eritema), um sinal clássico da condição, torna-se mais evidente em peles claras, facilitando o diagnóstico visual.
No entanto, estudos recentes indicam que pessoas com pele mais escura também são afetadas pela rosácea, mas são diagnosticadas com menos frequência. Essa disparidade pode ser atribuída à dificuldade em identificar os sinais típicos de vermelhidão e vasos sanguíneos visíveis, que não se destacam tanto quanto em peles mais claras. Em pessoas com pele escura, os sintomas podem incluir hiperpigmentação pós-inflamatória (escurecimento da pele após a inflamação), pápulas e pústulas (lesões semelhantes à acne), calor excessivo e sensação de ardência, além de inchaço facial e pele seca.
Além disso, a rosácea em peles escuras pode apresentar características atípicas, como o predomínio de sintomas como a sensação de queimação e o aparecimento de lesões semelhantes à acne, dificultando ainda mais o diagnóstico. A ausência de vermelhidão evidente pode levar os profissionais de saúde a descartarem a rosácea como diagnóstico, resultando em tratamentos inadequados e prolongamento do sofrimento do paciente.
Como controlar a rosácea? 1h223b
Atualmente, a rosácea não tem cura definitiva. O tratamento pode incluir medicamentos tópicos (cremes e géis), medicamentos orais (antibióticos e isotretinoína) e procedimentos a laser para reduzir a vermelhidão e os vasos sanguíneos visíveis. Além do tratamento médico, é importante adotar medidas de autocuidado, como evitar os fatores desencadeantes, usar protetor solar diariamente e manter a pele hidratada. Essas medidas específicas ajudam a minimizar seus sintomas e evitar crises.
O uso de produtos adequados também faz parte do tratamento, priorizando produtos de limpeza e hidratação formulados para peles sensíveis propensas à vermelhidão, sem substâncias irritantes como álcool, fragrâncias artificiais. Além disso, usar protetor solar é essencial, pois a exposição solar pode agravar os sintomas da rosácea.
Também é importante evitar os gatilhos conhecidos, como alimentos picantes, bebidas alcoólicas (especialmente vinho tinto), bebidas quentes, estresse e exposição a temperaturas extremas, que podem desencadear crises. Como a rosácea é uma condição crônica, seu acompanhamento médico regular é fundamental para ajustes no tratamento conforme a evolução do quadro.
A rosácea não precisa ser um obstáculo para a autoestima e bem-estar. Com os cuidados corretos e o acompanhamento de um dermatologista, é possível viver com mais conforto e segurança.
*Alessandra Nogueira (CRM-SP 99849) é diretora de Medical Affairs da Galderma, médica dermatologista formada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD) e da Academia Americana de Dermatologia (AAD).