Javier Bardem: “Comecei no cinema como um ‘pedaço de carne’” 46u11
Ator espanhol falou sobre a carreira em evento no Festival de Cannes e brincou sobre sua fama de galã 3x4w10

O ator espanhol Javier Bardem, de 53 anos, esbanjou simpatia e bom humor durante um encontro com convidados no Festival de Cannes.
Na conversa conduzida pelo crítico francês Didier Allouch, Bardem comparou o cinema de hoje àquele do início de sua carreira, em 1992, com o filme “Jamón, jamón” (Amor e Presuntos) de Pedro Almódovar. “Antes, filmes eram um evento. Podiam ficar um ano em cartaz se garantiam algum sucesso de bilheteria. Agora, ficam no máximo um mês e meio”.
Sobre o filme de estreia, em que contracena com a atual esposa Penélope Cruz, diz ainda: “queríamos tanto que fosse perfeito, que não chegou nem a ser bom”. Em tom de brincadeira, Bardem contou que, num dos primeiros testes para papéis, pediram que ele tirasse a camiseta. “Então ser ator é isso?”, perguntou. “Comecei como um pedaço de carne, e trabalhei essa percepção de lá para cá. Como vocês podem ver, posso ainda ser um pedaço de carne”, disse, rindo.
Durante as perguntas do público, ele quebrava o gelo com referências ao seu sex appeal. “Porque eu sou muito atraente, não é"> “Homem é quem tem a mulher dentro. Somos cinquenta, cinquenta. Tem gente que é mais do que isso. Mas precisaria entender melhor as novas discussões sobre gênero”, disse, com a cabeça baixa.
O ator falou sobre a intimidade com a esposa. “Quando filmamos ‘Vicky, Cristina e Barcelona’, quase não falei com ela, como não falamos com a garota em quem estamos interessados na escola. Numa das últimas cenas, começamos a nos beijar, e ficamos assim por um longo tempo. Quando terminamos, não havia mais câmeras. Ninguém estava lá. Woody [Allen] nos enviou essa gravação como presente de casamento”.
Atores pediram a ele que falasse sobre os como tinha superado os momentos difíceis. “Há 10 meses, minha mãe morreu, e eu era muito ligado a ela. Quando me dizem ‘Ação!’, me encho de vida. É um privilégio trabalhar com algo que permite fazer isso”. Sobre ar para detrás das câmeras, foi categórico: não. “Al Pacino um dia me contou sobre um acidente de carro que presenciou na outra esquina. Enquanto o carro pegava fogo, ele não pensou em como resolver aquilo, mas em como as pessoas dentro do carro estavam sentido. Sou assim: não consigo enxergar como alguém de fora, estou do lado de dentro”.
Mas limites devem ser observados: “uma vez insisti em fazer tudo o que meu personagem fazia, e tive os dedos quebrados [mostrou o dedo mindinho]. Então aprendi: você precisa estar saudável para representar a doença, senão não será livre o suficiente”.
Sobre as dicas a aspirantes a ator, brincou dizendo que seria melhor fazer outra coisa. “Temos essa ideia de que ser ator é algo menor. Sempre pensei isso. Quando Penélope estava grávida de nosso primeiro filho, Al Pacino viajou para nos encontrar. Brinquei dizendo que achava que ele seria ator, e Pacino disse, acariciando a barriga de minha mulher: espero que ele seja ator. É verdade. Então eu digo: bem-vindo e boa sorte. Espero que você encontre um momento como esse, quando tudo faz sentido”. Bardem recebeu uma homenagem de uma atriz ucraniana, com uma camiseta que deveria trazer o aroma da felicidade, e foi elogiado em seu apoio a iniciativas para refugiados.