Contato com animais fortalece sistema imunológico e reduz risco de alergias, dizem estudos a575y
Cientistas investigam como a exposição a micróbios de pets e animais de fazenda "treina" as defesas do corpo 5x6ga

Viver em contato próximo com animais de estimação, especialmente desde os primeiros anos de vida, pode ter um impacto profundo e benéfico no desenvolvimento do sistema imunológico humano. Pesquisas científicas indicam que essa convivência modula as defesas do corpo, reduzindo potencialmente o risco de desenvolvimento de alergias, eczema e até mesmo condições autoimunes.
Um dos mecanismos centrais é a exposição a uma vasta gama de micróbios provenientes dos animais, que “treinam” o sistema imunológico. Este fenômeno é conhecido como “efeito mini-fazenda”: estudos sugerem que o risco de uma criança desenvolver alergias entre os sete e nove anos diminui proporcionalmente ao número de animais presentes em casa durante seus primeiros anos. O contato direto com animais de fazenda pode reduzir a probabilidade de asma ou alergias em cerca de 50%, enquanto ter um cão em casa pode levar a uma redução de 13-14% no risco.
Uma pesquisa publicada em janeiro revelou que a presença de um cão pode ajudar a prevenir eczema em crianças geneticamente predispostas. Em indivíduos com uma variante específica do gene IL-7R, um fator de risco conhecido para a condição, conviver com um cão nos primeiros dois anos de vida associou-se a uma menor probabilidade de desenvolver eczema. Análises laboratoriais confirmaram que sinais moleculares caninos podem suprimir a inflamação cutânea.
O impacto no sistema imunológico inato é evidenciado por um estudo comparativo entre as populações Amish e Hutterite — grupos religiosos cristãos que valorizam uma vida simples, a separação da sociedade secular e o pacifismo. Ambas com herança europeia, apresentam taxas de asma e alergias infantis de quatro a seis vezes maiores entre os Hutterites. A principal diferença reside nas práticas agrícolas: os Amish mantêm contato próximo com animais, enquanto os Hutterites adotaram métodos industrializados. Níveis de endotoxinas (produtos microbianos) no pó das casas Amish eram significativamente maiores, e suas crianças apresentaram perfis imunológicos distintos, com o sistema imune inato modulado para uma resposta anti-inflamatória. Experimentos com extratos de pó dessas casas em camundongos confirmaram a proteção contra asma alérgica.
Embora a ideia de que micróbios de pets colonizem permanentemente o corpo humano seja debatida – o professor Jack Gilbert, envolvido no estudo Amish, afirma haver “zero evidências” disso –, sugere-se que os animais atuam como vetores de micróbios. A exposição regular aos micróbios dos animais estimula o sistema imune a permanecer ativo e a gerenciar melhor as populações bacterianas do próprio corpo. Gilbert teoriza que nossos sistemas imunes evoluíram para serem estimulados pelos micróbios de animais domesticados.
Adicionalmente, populações como os viajantes irlandeses, que convivem com múltiplos animais, retiveram um “microbioma antigo”, associado a baixas taxas de doenças autoimunes. A posse de animais também incentiva atividades ao ar livre, aumentando a exposição a micróbios ambientais benéficos.