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Ângela Diniz e Doca Street: quatro tiros ‘em nome da honra’ 165ln

Ecos do caso indicam que os tribunais não se livraram do ranço machista que costuma vilanizar mulheres vítimas de violências 1z683e

Por Amauri Segalla e Sabrina Brito Atualizado em 4 jun 2024, 14h32 - Publicado em 6 nov 2020, 06h00

A véspera de um réveillon na Praia dos Ossos, em Búzios, Rio de Janeiro, terminou com um crime que deixaria a sociedade perplexa em um primeiro momento e revoltada três anos depois. Ângela Diniz era uma linda mulher desquitada (o divórcio só seria instituído no Brasil no ano seguinte), prestes a completar 32 anos, quando conheceu Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como Doca, apelido de infância. Ângela e Doca, que era casado, se apaixonaram. Ele largou a família, ela o acolheu em sua casa de praia. Ângela, porém, tinha um temperamento indomável e gostava de todo tipo de experiência.

O comportamento iria lhe custar não só a vida como também a completa destruição de sua reputação após a morte. Na tarde de 30 de dezembro de 1976, depois de uma briga na qual ela anunciou o fim do relacionamento, Doca disparou três tiros no rosto e um na nuca da mulher que dizia amar. Até hoje é lembrada, no julgamento de 1979, a defesa do advogado Evandro Lins e Silva, profissional renomado no meio jurídico.

Ele desmantelou a promotoria jogando toda a responsabilidade do crime na vítima. Ângela Diniz foi descrita como uma “mulher fatal”, capaz de levar um homem à loucura. O abuso de álcool e drogas foi entregue de bandeja ao júri. Quem assistiu à audiência talvez tenha tido a impressão de que era a vítima que estava sentada no banco do réu. O homem que havia “matado por amor” foi condenado a apenas dois anos de prisão, que nem sequer precisou cumprir.

Parecia o fim da história, mas não foi. A sentença fez a sociedade despertar para os crimes de estupro e violência doméstica. Houve mobilização, especialmente entre as mulheres. Dois anos depois, Doca foi levado a novo julgamento e condenado a quinze anos por homicídio. Ficou preso por menos de quatro, progrediu para o regime semiaberto e foi solto em 1987. Em uma das poucas entrevistas que concedeu depois da libertação, falou sobre o segundo julgamento, que aumentou sua pena: “As feministas fizeram um bom trabalho”.

Publicado em VEJA de 11 de novembro de 2020, edição nº 2712

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