TSE desmente Bolsonaro em tempo-real durante ‘live’ 40215t
Presidente prometeu ao longo do dia apresentar provas de que houve fraudes nas eleições. Na ‘live’, porém, ele disse: “Não temos provas, mas indícios” f4x2y

No início da noite desta quinta-feira, 29, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falava em sua ‘live’ semanal nas redes sociais que as urnas eletrônicas não são confiáveis, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgava desmentidos em tempo real. Bolsonaro voltou a criticar o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso. “É justo quem tirou o Lula da cadeia ser o mesmo que vai contar os votos numa sala secreta no TSE?”, disse o presidente.
O TSE imediatamente reiterou nota publicada em seu site na quinta-feira ada, 22. “O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esclarece que é falsa a afirmação de que ‘a apuração dos votos é feita por meia dúzia de pessoas, de forma secreta (…) em uma sala lá do TSE’. Em verdade, a apuração dos resultados é feita automaticamente pela urna eletrônica logo após o encerramento da votação. Nesse momento, a urna imprime, em cinco vias, o Boletim de Urna (BU), que contém a quantidade de votos registrados na urna para cada candidato e partido, além dos votos nulos e em branco. Uma das vias impressas é afixada no local de votação, visível a todos, de modo que o resultado da urna se torna público e definitivo. Vias adicionais são entregues aos fiscais dos partidos políticos”, diz o texto.
O presidente prometeu ao longo do dia apresentar provas de que houve fraudes nas eleições de 2014 e 2018. Na ‘live’, porém, ele disse: “Não temos provas, mas indícios”, e argumentou que muitos crimes são desvendados a partir da análise de uma série de indícios, mesmo sem a existência de uma prova cabal. Entre alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo relatos de interlocutores, a impressão foi de que a transmissão do presidente não trouxe nada de novo e até enfraqueceu o discurso de Bolsonaro.
O presidente voltou a dizer que só Deus o tira da cadeira, que não quer problemas nas eleições de 2022 e lembrou que, no próximo domingo, 1º, haverá um ato organizado por seus simpatizantes pedindo a voto impresso já nas eleições do ano que vem. O tema é objeto de uma Proposta de Emenda à Constituição em trâmite na Câmara. As chances de aprovação, hoje, são consideradas remotas. O movimento de Bolsonaro contrário às votação eletrônica coincide com a divulgação de pesquisas eleitorais que mostram Lula à frente na disputa de 2022.
Bolsonaro exibiu um vídeo de um youtuber que se apresenta como Jeterson, programador de sistemas. O youtuber diz que o programador das urnas pode programá-las para registrar os votos erroneamente, trocando os números dos candidatos, por exemplo, a partir de alterações simples no código-fonte. Em novembro de 2020, o Projeto Comprova, que reúne jornalistas de diversos veículos de comunicação para descobrir e investigar informações enganosas, já havia analisado o vídeo do youtuber e concluído que a demonstração que ele faz na tela não é compatível com o sistema usado pelo TSE nas urnas eletrônicas.
Na ocasião, o Comprova ouviu o professor do Instituto de Computação e CIO da Universidade Estadual de Campinas, Paulo Lício de Geus, que afirmou não ser possível programar votos da forma como insinua o youtuber. Conforme o especialista disse ao Comprova, as imagens foram usadas para enganar pessoas que não entendem de computação por meio de um programa de demonstração que não tem relação com o sistema do TSE, exceto na aparência do .
Bolsonaro também apresentou vídeos de eleitores alegando terem vivenciado problemas com as urnas no dia da votação. Um defensor da impressão do voto apresentado como Eduardo, que acompanhou o presidente na ‘live’ desta semana, disse que a população não confia no sistema atual. “Ou por experiência ou porque viu alguma coisa na internet ou na TV, o brasileiro não se sente confortável”, disse.