Abril Day: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Fernando Grostein 5g154h

Por Fernando Grostein Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Os novos assassinos de Cristo 20671z

Nos anos 2020, a hipocrisia será crucificada — o que é muito bom 91w4g

Por Fernando Grostein Andrade Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h59 - Publicado em 31 jan 2020, 06h00

Este Fernando que escreve aqui não sou eu. É a projeção da minha imagem pública. Mais seguro, sem algumas gaguejadas, sem a voz que, diziam alguns, não era de homem, por ser afeminada. Esta aqui é minha persona, como colunista de VEJA. Nesta nova década, essa defasagem vai acabar — não porque eu queira abrir mão da minha privacidade, mas porque a privacidade de todos vai acabar.

Recentemente, o The New York Times publicou um artigo recomendando alerta máximo a seus leitores sobre a questão da privacidade. Segundo o Times, com relativa facilidade, seus repórteres rastrearam os de funcionários da CIA e do Pentágono, cruzando dados de fontes diversas. O Facebook itiu há pouco tempo que continua rastreando a localização de seus usuários, mesmo quando essa opção está desabilitada. E, pior, por meio de uma mensagem de WhatsApp, até o dono da Amazon teve sua privacidade hackeada. Transcrições do telefone do empresário Rick Singer revelaram um megaesquema de compra de vagas nas maiores universidades dos Estados Unidos, de Harvard a Stanford, entre outras. Ou seja, todo mundo sabe e vai saber de tudo. Estamos nus. E todos temos nossos pecados, ainda que em diferentes graus e gravidades.

“Todos temos nossos pecados, ainda que em diferentes graus. Exercitar o perdão é urgente”

Exercitar o perdão, portanto, é urgente. Uma nova moral será forjada, obrigando a diminuir o abismo entre a imagem pública e a vida privada. São tantos os casos de congressistas homofóbicos que depois itiram seus relacionamentos gays que é muito fácil observar a ligação entre moralismo e mentiras. Lembro até de um pastor, conhecido apresentador de televisão, que, num ato falho, foi mostrar o seu celular e sem querer revelou um aplicativo de paquera gay. Aliás, por falar nisso, parem com essa mania de falar que um dos filhos do presidente-em-quem-jamais-votei é gay. Primeiro porque ser gay não é problema; segundo, porque, se ele for e não quer contar, é problema dele.

A busca de coerência é necessidade de primeira ordem. Se antes era possível dizer uma coisa e fazer outra, agora não é mais. Mas ninguém é à prova de grampo; até os pais são capazes de falar mal do filho que amam, porque afinal eles são humanos, mudam de ideia, têm seus momentos de raiva, inveja, de perder a cabeça. A brincadeira favorita dos últimos anos — pegar um trecho de uma mensagem privada, ou de uma fala, tirá-lo do contexto e exibi-lo — perderá a graça à medida que, paulatinamente, a intimidade de todos for cruelmente exposta.

Continua após a publicidade

Jesus Cristo, a personificação do cristianismo, representa o fim da exploração dos mais pobres, o perdão dos pecadores (todos eles, dos pecados sexuais aos lava-jatos da vida). O especial de Natal dos geniais integrantes do grupo Porta dos Fundos, portanto, cabe numa noção correta de cristianismo, pois supõe duas hipóteses: (1) Deus e seu filho têm senso de humor; e (2) Cristo veio para perdoar, e não para crucificar. A imagem de Cristo é explorada a torto “pela ala ruim da direita” para iniciar caçadas e agressões que nada têm a ver com a mensagem religiosa. Que isso tudo sirva para que Cristo ganhe um novo significado, muito mais próximo de sua essência do que parte do seu fã-clube pretende. Nos anos 2020, o que será crucificado é a hipocrisia.

Publicado em VEJA de 5 de fevereiro de 2020, edição nº 2672

Publicidade

Matéria exclusiva para s. Faça seu

Este usuário não possui direito de o neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu

ABRIL DAY

Digital Completo 4b3v3b

o ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo 1f5w5z

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*o ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.