Digital Completo: Assine a partir de R$ 9,90

O dragão verde: a promessa inédita da China de reduzir as emissões de poluentes 581x2g

A seis meses da COP30, a maior poluidora do planeta surpreende ao sinalizar uma formidável guinada de comportamento 1gg1m

Por Ernesto Neves Atualizado em 9 Maio 2025, 10h49 - Publicado em 9 Maio 2025, 06h00

O cenário internacional não poderia ser mais desafiador para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro em Belém, no Pará. Sob o negacionismo climático do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Casa Branca tem desfeito tratados cruciais, incluindo o Acordo de Paris, base da transição verde global. Ciente dos desafios monumentais que o evento exigirá, o Brasil intensificou seus esforços diplomáticos para preservar o engajamento internacional. Uma notícia relevante, divulgada no mês ado, pode ajudar — e muito. Durante uma reunião virtual de líderes, o presidente da China, Xi Jinping, fez um anúncio inédito: o país asiático, maior emissor de gases causadores do efeito estufa do planeta, se comprometeu a estender suas metas de descarbonização para todos os setores da economia.

LIDERANÇA - Xi Jinping: metas ambiciosas de descarbonização
LIDERANÇA - Xi Jinping: metas ambiciosas de descarbonização (Ken Ishii/Getty Images)

Se a promessa realmente sair do papel, teremos uma formidável guinada de comportamento. Nos últimos anos, a China seguiu na contramão das principais economias desenvolvidas. Líderes das emissões globais de gases de efeito estufa, elas assumiram a responsabilidade de frear o avanço do aquecimento global. Enquanto isso, com a industrialização acelerada e a construção de mais de 1 000 usinas termelétricas movidas a carvão mineral para atender à crescente demanda energética, a China viu suas emissões dispararem. Atualmente, o país responde por 30% dos poluentes lançados na atmosfera, liderando o ranking mundial. De vilã climática, contudo, a China tenta agora se reposicionar: o governo prometeu reduzir em 65% as emissões de gases até 2035 e alcançar a neutralidade de carbono até 2060. “Os esforços substanciais do país estão começando a dar frutos”, diz Xunpeng Shi, diretor da International Society for Energy Transition Studies, da Austrália.

Há mesmo motivos para acreditar na promessa de uma “China verde”. Impulsionadas por subsídios estatais e por uma acirrada competição doméstica, as empresas locais desenvolveram métodos eficientes para a produção de painéis solares, turbinas eóli­cas, baterias e veículos elétricos. O resultado é que o país hoje ocupa a dianteira global nesses setores estratégicos. Além disso, a China tem desempenhado papel crucial na descarbonização da matriz elétrica, do transporte terrestre e de diversas cadeias industriais. De acordo com um relatório recente do instituto americano Global Energy Monitor (GEM), quase dois terços das grandes usinas eólicas e solares em construção no mundo estão em território chinês. “O país ou a se preocupar com a questão ambiental não apenas para melhorar a qualidade do ar em suas cidades, mas também por razões econômicas”, afirma Frank-Jürgen Rich­ter, fundador do centro de estudos Horasis, com sede na Suíça, e ex-diretor do Fórum Econômico Mundial. “Os chineses entenderam que, se continuassem produzindo da forma antiga, perderiam o aos principais mercados internacionais.”

Continua após a publicidade

Dados divulgados recentemente pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China revelam os primeiros sinais concretos da guinada rumo à economia de baixo carbono. Nos dez primeiros meses de 2024, as emissões do país ficaram abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior (veja o quadro), o que é reflexo direto da expansão recorde na geração de energia limpa. Apesar do avanço, especialistas alertam que os próximos capítulos da transição para a economia verde serão mais desafiadores.

NA TOMADA - Ônibus elétricos em Pequim: resultados da política já são visíveis
NA TOMADA – Ônibus elétricos em Pequim: resultados da política já são visíveis (Wengen Ling/Getty Images)

Setores como a produção de cimento, a indústria química e a siderurgia dependem de fornos de altas temperaturas para funcionar, e hoje a queima de combustíveis fósseis é a principal fonte de calor para esses processos. O mesmo vale para modais de difícil eletrificação, como a aviação e o transporte marítimo de longa distância, que enfrentam limitações técnicas para operar com baterias. Descarbonizar essas áreas exigirá inovação em larga escala e o desenvolvimento de soluções tecnológicas. “Apesar do otimismo, há pouca clareza sobre quais caminhos o governo chinês pretende seguir”, afirma Lauri Myllyvirta, pesquisador do Centre for Research on Energy and Clean Air, da Finlândia. Esses gargalos colocarão à prova a capacidade de os chineses tornarem, de fato, sua economia mais verde.

Publicado em VEJA de 9 de maio de 2025, edição nº 2943

Publicidade

Matéria exclusiva para s. Faça seu

Este usuário não possui direito de o neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única digital

Digital Completo 4b3v3b

o ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo 1f5w5z

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai a partir de R$ 7,48)
A partir de 29,90/mês

*o ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.