Brasil liderou ranking global de incêndios em 2024 3d5im
Estudo aponta que o país respondeu por 42% de toda a perda de floresta primária tropical do planeta 3n22y

O ano mais quente da história das medições também foi o mais problemático ambientalmente. Dados do Laboratório GLAD da Universidade de Maryland, disponibilizados na plataforma Global Forest Watch (GFW) do World Resources Institute (WRI), indicam que, pela primeira vez, o agronegócio não surgiu como principal responsável pelas baixas florestais, como acontece recorrentemente. Os incêndios causaram a destruição de matas nativas em uma extensão que corresponde em área ao território do Panamá. Nesse processo global, o Brasil liderou o ranking de incêndios, sendo responsável por 40% da perda das florestas que viraram cinzas. Isso marca uma mudança drástica em relação aos anos recentes, quando os incêndios representavam em média apenas 20%.
Outra surpresa trazida pelos dados: pela primeira vez desde o início dos registros do GFW, grandes incêndios ocorreram tanto nos trópicos como nas florestas boreais. O aquecimento foi generalizado e o fogo idem. As intensas temporadas de incêndios no Canadá e na Rússia contribuíram para o crescimento de 5% na área de cobertura florestal perdida em 2024. Especificamente o Brasil, os dois terços da perda de cobertura nativa (66%) foram causados pelos focos de fogo provocados pela pior seca já registrada —um aumento de mais de seis vezes em relação a 2023.
A agricultura em larga escala e o gado também contribuíram para as perdas florestais, mas em menor grau que os incêndios. O agronegócio engoliu 13% das florestas primárias. A Amazônia experimentou a maior perda de cobertura arbórea desde 2016, enquanto o Pantanal se destacou como o bioma impactado pela maior devastação do país. “O Brasil progrediu no governo Lula, mas a ameaça às florestas ainda persiste”, diz Mariana Oliveira, diretora do programa de florestas e uso da terra, do WRI Brasil, ao comparar a atual gestão com a anterior, de Jair Bolsonaro. “Sem investimentos sustentados na prevenção de incêndios florestais, fiscalização mais rigorosa nos estados e foco no uso sustentável da terra, conquistas arduamente conquistadas correm o risco de serem desfeitas.”
Embora os incêndios sejam naturais em alguns ecossistemas, em florestas tropicais eles são em sua maioria causados por humanos, frequentemente iniciados em terras agrícolas ou para preparar novas áreas para o cultivo. Em 2024, o ano mais quente já registrado, condições extremas alimentadas pelas mudanças climáticas e pelo El Niño tornaram esses incêndios mais intensos e difíceis de controlar. Embora as florestas tenham a capacidade de se recuperar do fogo, a pressão combinada da conversão de terras e de um clima em mudança pode dificultar essa recuperação e aumentar a probabilidade de incêndios futuros. Importante ressaltar que a perda de florestas primárias tropicais impulsionada por outras causas também aumentou em 14%, o maior aumento desde 2016.
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